Com a corrida eleitoral acelerando, o Congresso Nacional já opera em modo cautela. A leitura entre líderes é direta: projetos de alto desgaste político tendem a ser empurrados para depois, enquanto propostas de consenso, entregas regionais e itens obrigatórios para manter a máquina pública funcionando passam à frente.
Na prática, 2026 começa com uma pauta redesenhada. Segurança pública, embates institucionais e temas fiscais sensíveis perdem tração à medida que campanhas avançam, plenários esvaziam e o custo político de cada voto aumenta.
Por que o calendário eleitoral freia votações difíceis?
Em ano eleitoral, o Congresso vira um filtro. A preferência recai sobre matérias de baixo risco, impacto local imediato e pouca repercussão negativa nas redes. Já propostas que dividem governadores, tensionam a relação federativa ou confrontam o Judiciário tendem a travar.
Esse movimento já ficou claro no fim de 2025, quando a Câmara decidiu adiar a PEC da Segurança Pública e as mudanças do Senado no PL Antifacção após acordo entre governo e oposição. A avaliação foi simples: não havia ambiente político para enfrentar resistências às vésperas da campanha.
O que tem mais chance de avançar em 2026?
Com conflitos em banho-maria, ganham espaço:
- Pautas orçamentárias e votações obrigatórias
- Projetos que destravam repasses e políticas com efeito regional
- Medidas regulatórias técnicas, de baixa mobilização digital
- Textos “fatiados”, que aprovam consensos agora e deixam o explosivo para depois
Essa estratégia permite produzir resultado sem comprar brigas grandes — um clássico de ano eleitoral.
Fim da escala 6×1 entra no radar político?
Se algumas pautas travam, outras viram oportunidade. O debate sobre o fim da escala 6×1 ganha força como bandeira de campanha, sobretudo à esquerda. A percepção entre líderes do centrão é que se posicionar contra uma medida de apelo social no auge da corrida eleitoral pode custar caro.
Hoje, a discussão passa pela Comissão de Trabalho da Câmara, com o PL 67/25, relatado por Léo Prates (PDT-BA). A proposta-base prevê jornada de 40 horas semanais a partir de 2028, mas ainda há divergências sobre o formato final e o impacto no setor produtivo.
Indicação ao STF ficou para depois?
Outra decisão explícita de adiamento envolve a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. A sabatina foi postergada após o Palácio do Planalto não enviar a mensagem formal ao Senado, etapa sem a qual o processo não anda.
O adiamento dá tempo para articulações, mas também expôs ruídos entre Planalto e Senado. A avaliação é que levar a indicação ao plenário em meio à campanha ampliaria o risco de desgaste.
Por que o Orçamento virou prioridade absoluta?
Se pautas sensíveis ficam para depois, o Orçamento de 2026 virou urgência. Governo e Congresso correm para aprovar a LDO e a LOA antes do recesso. Sem isso, a programação financeira do próximo ano fica paralisada.
O impasse mistura cálculo eleitoral e fiscal. De um lado, a equipe econômica defende corte de benefícios fiscais para sustentar o arcabouço. De outro, o Congresso resiste e pressiona por mais espaço para emendas e para o fundo eleitoral, estimado em cerca de R$ 4,9 bilhões. A leitura dominante é que adiar o Orçamento custaria mais caro do que fechar um acordo frágil agora.
Reforma da lei do impeachment também ficou na fila?
Sim. A proposta que reformula a lei do impeachment foi empurrada para 2026 após a CCJ do Senado adiar a votação do PL 1.388/2023. O pano de fundo é o embate institucional com o STF, reacendido por decisões que limitaram denúncias contra ministros da Corte. Mesmo com recuos posteriores, o clima pesou para o adiamento.
O que esse cálculo diz sobre 2026?
O padrão se repete: menos ideologia, mais pragmatismo. Com campanhas nas ruas e nas redes, a pauta tende a priorizar o menor custo político possível. Projetos conflituosos esperam; consensos avançam.
Conclusão
O ano eleitoral impõe freios claros ao Congresso e reorganiza prioridades. Segurança e embates institucionais ficam para depois, enquanto Orçamento, entregas regionais e pautas de apelo popular ganham espaço. Para acompanhar os próximos movimentos e entender o impacto político de cada decisão, continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
Por que o Congresso desacelera em ano eleitoral?
Porque o custo político de votações polêmicas aumenta e campanhas esvaziam o plenário.
Quais pautas avançam com mais facilidade?
Orçamento, projetos obrigatórios, entregas regionais e propostas de consenso.
A PEC da Segurança Pública foi cancelada?
Não. A votação foi adiada para um momento com ambiente político mais favorável.
O fim da escala 6×1 pode avançar em 2026?
Pode ganhar tração pelo apelo social, especialmente durante a campanha.
O Orçamento pode ficar para depois?
Tecnicamente, não. Sem LDO e LOA, a execução financeira de 2026 fica travada.









