Os ativos financeiros das famílias brasileiras cresceram 10,1% em 2024, acima da média global de 8,7%, apontando uma recuperação do patrimônio financeiro após anos de inflação alta. Isso foi divulgado no mais recente Relatório de Riqueza Global, elaborado pela Allianz Research e compartilhado com o InfoMoney.
O aumento foi impulsionado por todas as classes de ativos, como valores mobiliários, depósitos bancários e seguros/previdência, embora a participação relativa deste último tenha caído no portfólio das famílias.
Apesar do crescimento total dos ativos, a fatia de seguros e previdência recuou nos últimos anos, refletindo desafios estruturais e desigualdade no acesso a esses produtos financeiros no Brasil.
Por que os ativos das famílias cresceram?
Segundo o estudo da Allianz Research, os ativos financeiros das famílias brasileiras subiram 10,1% em 2024, superando tanto a média global (8,7%) quanto os resultados registrados nos últimos anos. Esse movimento foi impulsionado pelo desempenho das principais classes de ativos:
- Valores mobiliários (títulos, ações e fundos): alta de 10,9%
- Seguros e previdência: crescimento de 8,8%
- Depósitos bancários: aumento de 8,2%
O crescimento geral dos ativos reflete um cenário de juros mais altos seguidos de inflação mais estável, incentivando a migração de recursos para aplicações com maior retorno e diversificação de carteiras familiares.
Queda relativa da participação de seguros e previdência
Embora o valor absoluto de seguros e previdência tenha crescido, sua participação relativa no portfólio financeiro familiar caiu para cerca de 20%, representando uma retração de aproximadamente 5 pontos percentuais na última década. Isso ocorreu mesmo com o crescimento nominal desse segmento, pois outras categorias — como valores mobiliários — ganharam espaço mais rápido no total dos ativos.
Especialistas ressaltam que essa redução ocorre em um contexto de alta concentração de riqueza no Brasil, onde os 10% mais ricos detêm cerca de 70% da riqueza financeira do país.
Esse cenário dificulta o acesso mais amplo de famílias de baixa e média renda a produtos de seguro e previdência, que muitas vezes exigem maior capacidade financeira e plano de longo prazo para adesão.
Concentração de riqueza e desigualdade no Brasil
O relatório destaca que a concentração de riqueza no Brasil permanece elevada, com os 10% mais ricos dominando a maior parte dos ativos financeiros. Esse padrão de desigualdade limita a expansão de produtos como seguros e planos previdenciários, que tendem a ser mais acessíveis a faixas de renda mais elevadas.
Economistas apontam que políticas públicas focadas em inclusão financeira, educação financeira e incentivos fiscais poderiam ajudar a ampliar o acesso a seguros e previdência, especialmente entre as classes de renda média e baixa, reduzindo assim o gap de participação desses produtos no portfólio financeiro Brasil.
Endividamento das famílias em 2024
Outro destaque do relatório é que o endividamento das famílias brasileiras aumentou cerca de 12,5% em 2024, alcançando 36% do PIB. Embora esse aumento esteja acima da média histórica, especialistas consideram que o nível ainda não atinge um grau de preocupação elevado, situando-se em patamares considerados administráveis quando comparados a outros mercados emergentes.
Esse aumento do endividamento, junto com a evolução dos ativos financeiros, reforça a necessidade de maior atenção ao equilíbrio entre acumulação de patrimônio e controle de dívidas no plano financeiro familiar.
O que isso significa para as famílias brasileiras?
O crescimento dos ativos financeiros mostra que as famílias brasileiras estão, em média, acumulando mais riqueza financeira, o que pode significar uma maior capacidade de investimento e proteção contra choques econômicos.
No entanto, a queda da participação de seguros e previdência sugere uma menor prioridade ou capacidade de aderir a instrumentos que proporcionam proteção de longo prazo, como cobertura contra imprevistos ou complementação de renda na aposentadoria.
Especialistas destacam a importância da educação financeira como ferramenta para ampliar o uso desses produtos, reduzindo vulnerabilidades e promovendo maior estabilidade econômica das famílias no longo prazo.
Conclusão
O crescimento de 10,1% dos ativos financeiros das famílias brasileiras em 2024 mostra uma evolução positiva da capacidade de acumular patrimônio, superando a média global. Ainda assim, a redução da participação relativa de seguros e previdência, aliada à elevada concentração de riqueza no país, evidencia desafios estruturais no acesso a produtos de proteção financeira.
Políticas de inclusão financeira e educação são apontadas como caminhos para reduzir a desigualdade no uso desses instrumentos.
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Perguntas Frequentes (FAQ)
Quanto cresceram os ativos financeiros das famílias brasileiras?
Os ativos financeiros das famílias brasileiras cresceram 10,1% em 2024, acima da média global de 8,7%.
Por que a participação de seguros e previdência caiu?
A participação de seguros e previdência no portfólio total caiu porque outras classes de ativos, especialmente valores mobiliários, cresceram mais rapidamente.
Qual é a participação de valores mobiliários no total dos ativos?
Cerca de 62% dos ativos financeiros das famílias estão em valores mobiliários, que incluem títulos, ações e fundos de investimento.
O que explica a desigualdade na participação em seguros?
A elevada concentração de riqueza no Brasil faz com que produtos financeiros de proteção, como seguros e previdência, sejam mais acessíveis às famílias de renda mais alta, reduzindo sua participação média.
A dívida das famílias brasileiras está em níveis preocupantes?
O endividamento das famílias cresceu 12,5% e atingiu cerca de 36% do PIB em 2024, um nível considerado administrável em comparação com outros mercados emergentes.








