5 C
Nova Iorque
17.6 C
São Paulo
sexta-feira, novembro 14, 2025
spot_img

UMA SEMANA DAQUELAS NA VÉSPERA DO HALLOWEEN!

Começamos uma semana carregada de indicadores e resultados corporativos, e isso na véspera do Halloween nos EUA! Será que teremos também um Dia das Bruxas no mercado americano? Esperamos que não! Mas, antes de falar da semana que se inicia, vamos recapitular os últimos movimentos na economia e no mercado.

A SEMANA QUE PASSOU

Inflação

Apesar do shutdown do governo americano, que tem paralisado diversos órgãos e agências governamentais, tivemos a divulgação do índice de inflação ao consumidor americano.

Mas, com as agências em paralisação, os dados não deveriam continuar sem atualizações? Sim. O que houve com o CPI foi uma exceção, em virtude de ser o dado utilizado pela agência de benefícios sociais (Social Security Administration) para calcular os reajustes para 2026. A agência responsável pelo report do dado inflacionário informou que não haverá outras leituras enquanto a paralisação perdurar.

Em setembro de 2025, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos registrou um aumento de 0,3% em relação a agosto, abaixo da expectativa do mercado (que antecipava +0,4%), resultando em uma taxa anualizada de 3,0%, a qual também se mostrou aquém dos 3,1% esperados, conforme dados do Bureau of Labor Statistics. Já o CPI core (núcleo do dado), que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, subiu 0,2% no mês de setembro, também abaixo do esperado pelos investidores (que previam +0,3%), configurando variação anual de 3,0% (vs. +3,1% esperados).

Fonte: Bloomberg. Elaboração Avenue.

Os números mostram uma inflação ainda acima da meta do Banco Central americano, mas corroboram a tese de que a inflação segue demonstrando uma trajetória mais benigna — que conversa com a possibilidade de mudança na política monetária. Mais uma vez, podemos dizer que, em mais um mês, o impacto das tarifas foi modesto.

Ainda assim, vimos a inflação anualizada voltar para o nível mais alto dos últimos 16 meses, e a dinâmica dos componentes da inflação ainda gera certa preocupação. O gráfico abaixo nos ajuda a ver isso. Se, por um lado, a inflação decorrente dos gastos com moradia vem sempre apresentando uma dinâmica benigna e desacelerando; por outro, vemos que o componente de serviços (core services ex-housing) voltou a se mostrar resiliente, e temos tido aumentos consistentes de preços em bens (core goods).

Fonte: Nick Timiraos on X, 24/out/2025

Digerindo a leitura, aumentaram as apostas de cortes de juros para a próxima reunião do Fed, em 29 de outubro, sendo esse o último dado de maior magnitude antes da decisão.

China e EUA

Esta semana tivemos algum avanço — diria que uma redução na tensão, ou um “degelo” nas conversas entre EUA e China —, e isso repercutiu positivamente no mercado. Na verdade, em 18 de outubro de 2025, os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo preliminar durante uma chamada de vídeo entre o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, com a participação da representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. O pacto consiste em realizar uma nova rodada de negociações comerciais “o mais breve possível”, com encontros presenciais marcados para a semana seguinte, visando desescalar as tensões recentes na disputa comercial.

O acordo, aclamado como um passo em direção à desescalada, concentra-se na resolução de tarifas pendentes e disputas na cadeia de suprimentos, sinalizando o entusiasmo de Pequim em acelerar as conversas para um possível acordo.

Tivemos ainda a Casa Branca confirmando uma reunião entre os dois líderes (Trump e Xi Jinping) em 30 de outubro na Coreia do Sul, à margem de uma cúpula asiática, que analistas veem como uma oportunidade importante para alguma definição e redução na tensão vigente entre os dois países. Essas notícias contribuíram para um leve alívio nas tensões do mercado, com ações asiáticas e americanas registrando ganhos modestos à medida que os investidores antecipavam um diálogo construtivo.

Embora as negociações acordadas ofereçam esperança de estabilização, especialistas alertam que questões não resolvidas — como transferências de tecnologia e propriedade intelectual — poderiam complicar o progresso, mantendo os laços bilaterais em uma corda bamba à medida que a cúpula dos líderes se aproxima.

Fonte: CNN.com 24/out/2025

Resultados

Outro evento importante da semana foram os resultados corporativos, no qual destacamos 2 em especial que mexeram com as ações e o mercado.

Tesla (TSLA) – Vendas da Tesla aceleram, mas entregas freiam

A Tesla reportou seus resultados do terceiro trimestre de 2025 depois do fechamento do mercado na quarta-feira, 22 de outubro de 2025. Seus números vieram melhores em termos de receitas, mas com lucros abaixo do esperado e pouca visibilidade acerca das entregas futuras da empresa, o que decepcionou o mercado, e suas ações reagiram negativamente. A receita da empresa subiu 12%, mas o lucro líquido caiu 37%, para US$ 1,37 bilhão, refletindo a queda nos preços dos veículos elétricos e um aumento de 50% nas despesas operacionais, explicado em parte pela inteligência artificial e “outros projetos de Pesquisa & Desenvolvimento”, segundo a empresa.

Netflix (NFLX) – Brasil vira episódio negativo no resultado da Netflix

A Netflix reportou seus resultados do terceiro trimestre de 2025 depois do fechamento do mercado na terça-feira, 21 de outubro de 2025. Seus números foram negativamente afetados por uma disputa com o fisco brasileiro, a qual fez com que a empresa reportasse números aquém do esperado pelo mercado. Com isso, suas ações reagiram negativamente no pós-mercado.

A Netflix reportou receitas crescendo 17% ano contra ano (a/a) no 3T25, em linha com as expectativas. No entanto, a empresa de streaming relatou uma despesa decorrente de um imposto sobre certos pagamentos feitos por entidades brasileiras para operações fora do país. A empresa optou por contabilizar o impacto nesse trimestre depois que se tornou razoavelmente provável que a Netflix perderia uma disputa judicial acerca da causa — a disputa com o fisco brasileiro remonta um valor de US$ 619 milhões.

Vale lembrar que fazemos um acompanhamento completo de diversos resultados que já saíram aqui: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection

Mais abaixo colocamos o calendário completo de resultados corporativos.

IMPACTOS NO MERCADO

O mercado de ações dos EUA encerrou a semana em tom positivo, com os principais índices registrando ganhos em meio a um ambiente ainda volátil com as tensões comerciais entre China e EUA. O S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average atingiram novos recordes na sexta-feira; o Nasdaq Composite também avançou, mas apresentou leve defasagem devido aos resultados mistos do setor de tecnologia.

Os principais vetores que contribuíram para essa performance, em nosso entendimento:

Dados de inflação mais brandos que o esperado. Isso levou a um aumento nas apostas em um corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve em sua reunião nessa semana que se inicia e elevou o apetite a risco dos investidores.

Questão geopolítica. Comentários positivos do presidente Trump sobre um possível “acordo justo” com a China aliviaram algumas tensões.

Resultados corporativos. Em nossa visão, esse foi o principal vetor positivo da semana. Até aqui, 87% das empresas do S&P 500 superaram as expectativas do mercado, apresentando um crescimento de lucros projetado em 9,2%. Se mantiver essa consistência, esse poderia ser o melhor desempenho desde 2021. Verdade que a maioria das empresas do S&P 500 costuma superar as expectativas, mas esta temporada se destaca porque, em geral, tivemos diversas revisões para cima das projeções de lucros estimados.

Fonte: Early US Earnings Point to Best Corporate Results in Four Years – Bloomberg 22/out/2025

Falando em lucros…

Outra coisa que vem chamando atenção no mercado de ações americano é um certo otimismo — exagerado, em nossa opinião — com alguns segmentos específicos do mercado, em especial aqueles relacionados à tecnologia. Não estamos aqui “engrossando” o coro daqueles que falam em possível bolha no mercado… nada disso! Refutamos essa hipótese.

No entanto, o que nos chama atenção atualmente, e queremos que você, investidor, preste atenção, é no otimismo embutido nos preços de certas ações de companhias sem um modelo de negócios bem definido, sem receitas ou lucros. O gráfico abaixo é sintomático nesse sentido.

Fonte: Duncan Lamont on Linkedin

Ele mostra que as ações que vêm apresentando melhor performance atualmente (31 de dezembro de 2024 a 30 de setembro de 2025) no mercado americano foram aquelas relacionadas ao mundo de tecnologia (negociadas na Nasdaq), mas que não possuem nem receitas (Revenues). Ele mostra ainda que a performance das ações das empresas que não são lucrativas se assemelha à das “Magnificent 7“.

Semelhantemente, Torsten Slok, economista-chefe da Apollo Management, mostra que, entre o universo de empresas de menor capitalização (small caps), algo notável vem acontecendo: os preços das ações de empresas com prejuízos superaram os preços das ações de empresas com lucros.

Fonte: Daily Spark, 20/out/2025

Chamo atenção disso para que o investidor mantenha sua consistência e disciplina ao alocar capital. Investimentos baseados em euforia e desconectados de fundamentos tendem a não acabar bem. Por isso, seja prudente ao realizar seus investimentos.

A SEMANA QUE SE INICIA… UMA SEMANA DAQUELAS!

O mercado financeiro terá uma semana potencialmente volátil, com diversos eventos permeando a cena econômica e financeira. Entre os destaques:

Começamos a semana com o dado de confiança do consumidor na terça-feira, sempre importante para medir o sentimento dos americanos em relação à economia e sua disposição em comprar.

Teremos a decisão do Fed na quarta-feira, onde, de forma ampla, o mercado estima e espera um corte de 25 pontos-base, jogando a taxa básica de juros da economia americana para um range entre 3,75% e 4,00%.

Na quinta-feira, espera-se a revelação dos dados de PIB do terceiro trimestre, com previsão de +3,2%.

Do ponto de vista geopolítico, a reunião de 30 de outubro (quinta-feira) do presidente Trump com Xi Jinping, na Coreia do Sul, deve roubar a cena econômica e do mercado. A expectativa é o anúncio de alívio nas tarifas e menores restrições às exportações de terras raras.

Por fim, expectativas com a divulgação de mais um indicador de inflação, dessa vez o PCE, que será revelado na sexta-feira.

Abaixo, a agenda completa de eventos econômicos da semana.

RESULTADOS CORPORATIVOS

A semana que se inicia vai ser decisiva para os mercados porque teremos atualizações importantes sobre grandes empresas de tecnologia americana. Teremos os resultados corporativos de: Microsoft, Alphabet (Google), Meta Platforms, Apple e Amazon, além de diversas outras empresas bastante conhecidas do investidor.

Abaixo, o calendário completo de resultados:

Vale lembrar que fazemos um acompanhamento completo de diversos resultados que já saíram aqui: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection

Que tal continuarmos esse papo no Twitter e Instagram? Siga @willcastroalves e me diga o que achou do conteúdo da semana. Até lá!

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

spot_img

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique Conectado
20,145FãsCurtir
51,215SeguidoresSeguir
23,456InscritosInscrever
Publicidadespot_img

Veja também

Brasilvest
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.