A temporada de balanços das big techs chegou ao fim mostrando números impressionantes, mas também levantando dúvidas. As gigantes Alphabet (GOGL34), Microsoft (MSFT34), Meta (M1TA34) e Amazon (AMZO34) apresentaram resultados robustos no terceiro trimestre de 2025, com crescimento de lucro e receita em todos os casos.
Mesmo assim, investidores e analistas começam a demonstrar certa impaciência com os gastos agressivos em inteligência artificial (IA), que vêm consumindo fatias cada vez maiores do caixa das companhias.
Lucros crescem, mas o apetite por IA preocupa
Em termos de desempenho financeiro, não há motivos para queixas: o menor crescimento de lucro por ação (LPA) entre as big techs foi de 12%, da Microsoft, enquanto o maior avanço veio da Amazon, com 52%.
O S&P 500, impulsionado em parte por esse grupo de empresas, já acumula alta de 16% em 2025, refletindo o entusiasmo com a chamada “tese da IA”. Juntas, Alphabet, Microsoft, Meta e Amazon valem US$ 11,4 trilhões, sustentadas por expectativas de que a IA será o principal motor de crescimento da próxima década.
Ainda assim, parte do mercado teme que o ciclo de euforia esteja indo longe demais, reacendendo comparações com bolhas anteriores do setor de tecnologia.
Investimentos bilionários pressionam caixa e paciência do mercado
O investimento das big techs em infraestrutura ligada à IA é gigantesco. Até o fim de 2025, a Alphabet deve investir entre US$ 91 bilhões e US$ 93 bilhões, focada em data centers próprios e semicondutores internos.
A Microsoft, por sua vez, aplicou US$ 34,9 bilhões apenas no terceiro trimestre, um salto de 74% em relação ao ano passado. Já a Meta e a Amazon seguem o mesmo caminho, com crescimento do capex de 32% (US$ 30,7 bilhões) e 78% (US$ 115,9 bilhões), respectivamente.
Esses números reforçam o compromisso das empresas com a IA, mas também aumentam a preocupação com o retorno financeiro desses investimentos, especialmente em um ambiente de juros ainda altos nos Estados Unidos.
Analistas do JPMorgan alertam para risco de bolha
Um relatório recente do JPMorgan estimou que, para que os investimentos em IA gerem um retorno de 10% até 2030, seria necessário faturamento anual de US$ 650 bilhões — valor que o banco classificou como “espantosamente grande”.
Em outras palavras, isso exigiria pagamentos adicionais de cerca de US$ 35 por usuário de iPhone ou US$ 180 por assinante da Netflix todos os meses, apenas para sustentar os investimentos.
O relatório compara o momento atual com a corrida pela instalação de fibras ópticas e telecomunicações nos anos 2000, quando os retornos demoraram a aparecer. “Nosso maior medo é que a curva de receita da IA não acompanhe o ritmo dos gastos”, diz o texto.
Ainda assim, o JPMorgan reconhece que, no curto prazo, as big techs têm caixa e receitas suficientes para bancar os aportes, mantendo o crescimento estável.
Receitas continuam crescendo, mas o custo da inovação aumenta
De acordo com levantamento do Money Times, os números impressionam:
- Alphabet: US$ 385,5 bilhões em receita nos últimos 12 meses (+13,4%)
- Microsoft: US$ 224,2 bilhões (+16,7%)
- Meta: US$ 189,5 bilhões (+26,2%)
- Amazon: US$ 691,3 bilhões (+11,5%)
Esses resultados mostram que a IA ainda não pesa negativamente nos balanços, mas a conta está crescendo rápido, exigindo cada vez mais capital e eficiência operacional.
Sustentabilidade em xeque: até onde vai a febre da IA?
A dúvida central do mercado é até quando as empresas conseguirão investir tanto sem retorno proporcional. Para alguns analistas, a IA é inevitável e transformará toda a economia digital; para outros, os valuations já embutem expectativas exageradas.
Ainda que as big techs sigam lucrativas e dominantes, cresce o debate sobre se o ritmo de gastos atuais é sustentável no longo prazo ou se estamos diante de uma nova bolha de tecnologia em formação.
Conclusão
Os balanços mostram que a inteligência artificial continua sendo a aposta mais ambiciosa do mercado, mas também a mais arriscada. As big techs seguem faturando alto, porém os investidores começam a cobrar resultados concretos dessas apostas bilionárias.
FAQ
Por que os investidores estão impacientes com a IA?
Porque, embora os lucros cresçam, as big techs estão gastando bilhões em IA sem que esses investimentos gerem retorno direto no curto prazo.
Esses investimentos são sustentáveis?
Por enquanto, sim. As empresas têm forte geração de caixa, mas há dúvidas sobre a viabilidade de manter esse ritmo até 2030.
A IA pode gerar uma bolha como a das pontocom?
É possível. O volume de capital investido e as expectativas elevadas lembram o cenário de euforia tecnológica do início dos anos 2000.
Quais big techs investem mais em IA hoje?
Alphabet (GOGL34), Microsoft (MSFT34), Meta (M1TA34) e Amazon (AMZO34) lideram os aportes, somando mais de US$ 250 bilhões em capex voltado à infraestrutura de inteligência artificial.









