A última sexta-feira virou a mesa no mercado brasileiro. Depois de uma semana em que o Ibovespa renovou máximas históricas e chegou a superar os 165 mil pontos, a confirmação de Flávio Bolsonaro como candidato da família para 2026 paralisou o rali e provocou a maior queda do índice desde 2021. Em questão de horas, o dólar disparou, os juros futuros saltaram e praticamente todas as ações viraram para o negativo.
O choque veio justamente quando o cenário internacional estava extremamente favorável para ativos de risco. Nos EUA, dados fracos de emprego elevaram para mais de 90% a probabilidade de corte de juros pelo Federal Reserve. Bolsas globais renovaram recordes, o dólar perdeu força e as commodities repetiram o bom desempenho — combinação perfeita para emergentes como o Brasil.
O que explica a reação tão violenta do mercado?
Segundo a Genial Investimentos, a leitura predominante foi política: a entrada de Flávio na disputa aumenta as chances de reeleição de Lula, porque o senador tem alta rejeição entre eleitores moderados, enfraquecendo a oposição. Isso elevou o risco percebido pelo mercado, travando o otimismo que vinha dominando os preços.
A volatilidade intensificou-se quando, no fim de semana, Flávio afirmou que pode desistir da candidatura, mas que “tem um preço para isso”. Horas depois, em entrevista na TV, esclareceu sua condição: a libertação de Jair Bolsonaro e a recuperação de sua elegibilidade — algo que exigiria uma combinação complexa de anistia no Congresso e revisão da decisão do Tribunal Eleitoral.
A volatilidade acabou? Ainda não — e esta semana será crucial
Para o JPMorgan, a queda forte de sexta-feira foi apenas o primeiro evento relevante do ciclo eleitoral — e não será o último. Porém, o banco acredita que, conforme novos desdobramentos apareçam, parte das perdas pode ser recuperada.
A Genial também reforça que os próximos dias serão decisivos para saber se o mercado conseguirá estabilizar ou se entrará em uma correção mais profunda.
E há um motivo para isso: estamos entrando na Super Quarta, quando acontecem simultaneamente:
- Decisão do Federal Reserve sobre juros
- Reunião do Copom no Brasil
- Dados importantes de inflação no Brasil e nos EUA
Em condições normais, esse combo poderia impulsionar uma retomada caso as expectativas de cortes de juros se confirmem. Mas, como a Genial alerta, o tema eleitoral ganhou força suficiente para anular narrativas puramente macroeconômicas.
Por que o risco político pesa tanto agora?
O mercado passou a considerar que a candidatura de Flávio Bolsonaro enfraquece a competitividade da centro-direita e aumenta a probabilidade de continuidade do atual governo.
Esse movimento é interpretado como aumento estrutural de risco, reduzindo a disposição dos investidores para assumir posições mais agressivas.
Christian Iarussi, da The Hill Capital, afirma que o episódio demonstra que o mercado está extremamente sensível a qualquer sinal de deterioração institucional futura.
Ibovespa a 170 mil pontos ainda em 2025? Meta ficou mais difícil
Antes da turbulência política, havia consenso de que o Ibovespa poderia buscar novas máximas ainda neste ano.
Agora, segundo analistas, essa possibilidade existe, mas exige:
- Corte de juros confirmado pelo Fed
- Sinalização de queda da Selic já no começo de 2026
- Diminuição rápida do risco político
- Dados de inflação reforçando a narrativa dovish
Um conjunto robusto de notícias positivas seria necessário para reconduzir o índice à trajetória de alta — algo que parecia inevitável até a manhã de sexta-feira.
Conclusão: entre política e juros, o mercado fica sem bússola no curto prazo
A combinação de choque político e eventos macroeconômicos críticos torna os próximos dias determinantes para o rumo da Bolsa.
Se a instabilidade eleitoral persistir, o mercado pode adotar postura mais defensiva. Mas, se Fed e Copom entregarem sinais fortes e coordenados, pode haver fôlego para recuperação parcial.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O que foi o “Efeito Flávio 2026”?
Foi a forte reação negativa do mercado após a confirmação de Flávio Bolsonaro como candidato em 2026.
Por que a Bolsa caiu tanto na sexta-feira?
Porque investidores interpretaram a candidatura como aumento de risco político e institucional.
O dólar subiu por causa disso?
Sim. A incerteza levou investidores a buscar proteção, impulsionando o dólar e os juros futuros.
O mercado pode se recuperar esta semana?
Pode, especialmente se Fed e Copom sinalizarem cortes de juros em 2026 — mas o risco político pode limitar o movimento.
A desistência de Flávio mudaria o cenário?
Depende das condições impostas e da evolução do tema da anistia envolvendo Jair Bolsonaro.
O Ibovespa ainda pode bater recordes em 2025?
Pode, mas agora exige um conjunto muito maior de notícias positivas e redução rápida das tensões políticas.








