Queda significativa nos níveis de fome e melhora no acesso a alimentos marcam 2024
O Brasil registrou o menor patamar histórico de insegurança alimentar grave, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE. De acordo com o levantamento, 3,2% dos domicílios estavam em situação de insegurança grave em 2024, ante 4,1% em 2023. Já os lares com plena segurança alimentar subiram para 75,8%, contra 72,4% no ano anterior, conforme destacou o G1.
Queda expressiva e recuperação de milhões de famílias
Entre 2023 e 2024, cerca de 2,2 milhões de domicílios deixaram a condição de insegurança alimentar. O percentual total de lares afetados caiu de 27,6% para 24,2%, com melhora em todos os níveis: leve (de 18,2% para 16,4%), moderada (de 5,3% para 4,5%) e grave (de 4,1% para 3,2%), segundo dados do IBGE.
Mesmo com os avanços, as áreas rurais seguem mais vulneráveis: 31,3% dos lares rurais ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar, frente a 23,2% nas zonas urbanas. Ainda assim, o estudo aponta melhora generalizada no acesso a alimentos básicos e maior regularidade nas refeições em todas as regiões.
Desigualdades regionais persistem
Os resultados mostram, porém, que Norte e Nordeste continuam concentrando os piores indicadores. No Norte, 37,7% dos domicílios enfrentaram algum nível de insegurança alimentar em 2024; no Nordeste, o índice foi de 34,8%. Em ambos, os números permanecem acima da média nacional. Já nos casos graves, o Norte atingiu 6,3% dos lares e o Nordeste 4,8%, de acordo com o IBGE.
A desigualdade de gênero também chama atenção: 59,9% dos lares com insegurança alimentar são chefiados por mulheres. Entre os casos graves, a proporção aumenta. Já domicílios com responsáveis de cor parda representam 56,9% dos afetados, bem acima dos 24,4% chefiados por pessoas brancas.
Escolaridade e renda ainda determinam o acesso
O nível de instrução continua sendo fator determinante. Segundo o IBGE, 65,7% dos lares em situação grave são chefiados por pessoas com ensino fundamental completo ou menos. O cruzamento com dados de renda indica que domicílios com rendimento per capita inferior a meio salário mínimo concentram as maiores taxas de insegurança.
Avanços e desafios
Apesar do progresso, 18,9 milhões de domicílios ainda viviam algum nível de insegurança alimentar em 2024. A redução expressiva é atribuída a fatores como crescimento do emprego formal, aumento real da renda e programas sociais federais, de acordo com análise da Agência Gov.
Com os novos resultados, o Brasil também manteve-se fora do Mapa da Fome da ONU, com taxa de subalimentação inferior a 2,5% da população. Ainda assim, especialistas alertam que inflação de alimentos, eventuais choques climáticos e desigualdades regionais podem comprometer os avanços recentes.
Manter o ritmo de melhora exigirá políticas integradas de renda, abastecimento e agricultura familiar, além de monitoramento contínuo para evitar retrocessos em 2025.