O Brasil pode terminar 2025 com o maior número de recuperações judiciais já registrado: mais de 3 mil pedidos, segundo levantamento da SWOT Global Consulting. O cenário é resultado direto do juro básico a 15%, da dificuldade de acesso ao crédito e do estresse financeiro que atinge especialmente o agronegócio.
O que explica a disparada nos pedidos de recuperação judicial?
A combinação de crédito mais caro, prazos restritos e setores pressionados, como o agro, colocou empresas de todos os portes em situação delicada.
Em 2024, o país já havia batido recorde, com 2.273 pedidos de RJ. Mas 2025 deve superar esse número com folga.
Agro lidera explosão de recuperações
Tradicional motor econômico, o agronegócio vive uma crise sem precedentes:
- 2024: 1.272 pedidos de RJ (alta de 138%)
- 1º trimestre de 2025: 389 pedidos (alta superior a 20%)
- 2º trimestre de 2025: 565 pedidos (maior volume da série histórica)
A pressão de margens, a inadimplência crescente e o encarecimento das dívidas ajudaram a puxar o número nacional para cima.
Caso Bombril (BOBR4): dívidas bilionárias e plano homologado
A Bombril (BOBR4) entrou em recuperação judicial em fevereiro de 2025 com R$ 2,3 bilhões em dívidas tributárias. Essas dívidas vêm de autuações da Receita relacionadas a operações feitas entre 1998 e 2001.
Após decisões desfavoráveis na Justiça, a empresa considerou que havia risco real de inviabilidade operacional e optou pela RJ.
Nesta semana, o plano foi homologado pela Justiça, e a Bombril aposta em um futuro acordo tributário para retomar seu crescimento.
Caso Ambipar (AMBP3): governança em crise e Chapter 11
A Ambipar (AMBP3) pediu recuperação judicial no Brasil e falência via Chapter 11 nos EUA em outubro de 2025. A empresa alegou problemas em operações de swap, renúncia do CFO e risco de vencimento antecipado de dívidas.
Documentos internos, porém, indicam que decisões estratégicas tiveram aval da alta administração, contrariando a narrativa inicial.
Após investigações internas, 35 diretores e gestores foram demitidos por falhas graves de governança.
Caso Azul (AZUL4) e o histórico da aviação
O setor aéreo segue encurralado por custos altos e estrutura financeira fragilizada:
- Gol (GOLL54): entrou em Chapter 11 em 2024 e concluiu reestruturação em 2025
- Azul (AZUL4): entrou em Chapter 11 em maio de 2025, com apoio de grandes credores como AerCap, United e American Airlines
Segundo o CEO, a reestruturação foi a alternativa para lidar com os impactos da pandemia e a deterioração macroeconômica recente.
Outros grandes casos que marcaram os últimos anos
Além de Bombril e Ambipar, o mercado ainda carrega um histórico de grandes recuperações recentes:
- Americanas (AMER3): RJ histórica após inconsistências bilionárias (2023)
- Oi (OIBR3): segunda RJ em 2023; chegou a ter falência decretada
- AgroGalaxy (AGXY3): RJ em 2024 por estresse do setor agro
- Marisa (AMAR3): RJ em 2023 após crise no varejo
- Gafisa (GFSA3): RJ em 2024 por desequilíbrio de caixa
- Technos (TECN3): RJ em 2024 após perda de mercado e dificuldades financeiras
Conclusão
Com juros elevados, crédito travado e setores importantes em crise, 2025 se desenha como um dos anos mais desafiadores da história recente. As recuperações judiciais mostram um país pressionado, mas também evidenciam o esforço das empresas em encontrar rotas de sobrevivência.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Por que o número de recuperações judiciais está subindo?
Por causa dos juros altos, crédito difícil e estresse financeiro em setores como agro e varejo.
Quantos pedidos o Brasil deve registrar em 2025?
A projeção é de mais de 3 mil recuperações judiciais, o maior número já visto.
Quais são os setores mais afetados?
O agronegócio lidera com folga, mas varejo, indústria e serviços também enfrentam pressão.
O que levou a Bombril à recuperação judicial?
Dívidas tributárias bilionárias e decisões judiciais desfavoráveis que ameaçavam suas operações.
Qual a situação da Ambipar?
A empresa enfrenta falhas graves de governança e conduz uma RJ no Brasil e Chapter 11 nos EUA.









