Apesar de 73% dos brasileiros declararem que têm confiança para administrar seu dinheiro, levantamento global de 2025 revela um fosso enorme entre percepção e realidade: a maioria erra questões simples sobre inflação e juros.
Confiança alta — entendimento fraco
A pesquisa global ouviu cerca de 19.906 pessoas em 10 países — sendo 2.028 delas no Brasil. Entre os brasileiros, 73% disseram confiar na gestão do próprio dinheiro.
Contudo, quando testados em conhecimentos básicos:
- Apenas 32% dos entrevistados globalmente acertaram a pergunta sobre inflação — ou seja, que preços continuam subindo mesmo se a inflação for reduzida pela metade. No Brasil, 73% erraram essa questão.
- Sobre juros compostos: 67% dos brasileiros falharam ao calcular o rendimento correto de 100 USD a 2% ao ano — contra 48% de média global.
Esse descompasso, segundo os pesquisadores, reflete o chamado Efeito Dunning-Kruger — quando pessoas acreditam saber mais do que realmente sabem.
Desejo por aprender é alto — e urgente
Apesar das falhas de compreensão, os brasileiros mostram elevado interesse em educação financeira. O relatório aponta que 91% gostariam de ter aprendido sobre finanças na escola.
As áreas de maior demanda para aprendizado são:
- Investimentos — 67% dos brasileiros manifestaram interesse
- Poupança — também 67%
- Orçamento doméstico — 53%
- Impostos — 51%
Isso revela uma população consciente de suas lacunas — e ansiosa por aprender a lidar melhor com dinheiro.
Poupar é difícil — muitos vivem no limite
Mesmo com tanta consciência, a prática da poupança ainda é rara. Segundo a pesquisa global, menos da metade dos brasileiros consegue poupar o suficiente para manter três meses de despesas em caso de emergência.
Além disso, apenas 28% já fizeram algum curso ou buscaram conteúdo voltado à educação financeira — embora esse índice seja maior que a média global (20%).
Por que os resultados importam?
- Um país que se acha bom em finanças, mas erra o básico, tende a tomar decisões ruins: endividamento, investimentos ruins, falta de reserva.
- A falsa sensação de “sei cuidar do dinheiro” pode atrapalhar quem deveria buscar informação — e aumentar vulnerabilidades financeiras.
- Com inflação, juros altos e instabilidade econômica, o desconhecimento básico sobre dinheiro torna-se perigoso.
Portanto, a pesquisa revela que a confiança não basta — é preciso conhecimento real. A educação financeira não é luxo: é urgência.
Conclusão
A pesquisa do Santander + Ipsos expõe um paradoxo brasileiro: confiança alta em finanças pessoais, mas baixo domínio de conceitos essenciais. Isso amplia o risco de decisões ruins, especialmente em momentos de crise. É urgente elevar a literacia financeira — na escola, na mídia, na família — antes que o problema se torne uma bola de neve.
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Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é educação financeira?
É o conhecimento e a prática de gerenciar renda, gastos, poupança, investimentos e orçamento de forma consciente e planejada.
Por que muitos brasileiros acham que sabem finanças, mas erram o básico?
Porque a percepção subjetiva de “controlar” o dinheiro não garante entendimento de conceitos como inflação ou juros — instâncias que afetam investimentos e orçamento.
Quais foram os temas mais citados pelos brasileiros que querem aprender finanças?
Investimentos, poupança, orçamento doméstico e impostos.
Quanto da população poupa para emergências?
Menos da metade consegue guardar o suficiente para manter três meses de despesas em caso de imprevisto.
Fazer cursos ou buscar conteúdos ajuda?
Sim. No Brasil, 28% já fizeram algum curso de educação financeira — e isso costuma melhorar o controle do orçamento e decisões de gasto.
Por que educação financeira deve entrar nas escolas?
Porque 91% dos brasileiros afirmam que gostariam de ter aprendido finanças na escola — educação de base ajuda a dar autonomia e prevenir erros futuros.









