A Caixa Econômica Federal fechou o 3º trimestre de 2025 com lucro líquido contábil de cerca de R$ 3,8 bilhões, alta de 15,4% na comparação com o mesmo período de 2024.

O resultado aparece em relatório divulgado pelo banco e repercutido por veículos como o G1, que destacou a melhora do desempenho mesmo em um cenário de crédito ainda desafiador para as famílias brasileiras.

O que mudou no resultado da Caixa no 3T25?

O lucro bilionário não veio sozinho. Ao longo do trimestre, a Caixa também aumentou sua margem financeira, ou seja, a diferença entre o que o banco recebe em juros e o que paga em captação. Segundo matéria da IstoÉ Dinheiro, a margem chegou a R$ 16,5 bilhões no 3T25, com crescimento de 14% em relação ao mesmo trimestre de 2024.

Além disso, no acumulado de janeiro a setembro de 2025, o lucro líquido contábil somou R$ 13,5 bilhões, avanço de mais de 50% frente ao mesmo período de 2024. Esse movimento reforça uma trajetória de recuperação e de aumento de eficiência do banco público ao longo do ano.

Enquanto isso, entidades como a Fenae lembram que essa alta nos lucros vem acompanhada de discussões sobre a função social da Caixa, especialmente em temas como fechamento de agências e pressão sobre equipes, ainda que o banco tenha ampliado o número de empregados em 12 meses.

Carteira de crédito, habitação e crescimento do banco

O resultado da Caixa está diretamente ligado ao avanço da carteira de crédito. De acordo com o balanço, o saldo de operações terminou setembro de 2025 em torno de R$ 1,334 trilhão, alta de 10,3% em 12 meses.

Nesse cenário, o crédito imobiliário continua como grande motor do banco. A carteira de habitação chegou a cerca de R$ 905 bilhões, com crescimento de 11,4% em um ano, consolidando a Caixa como o maior financiador de moradia do país.

Além disso, outros segmentos também puxaram o crescimento, como:

• Crédito comercial para pessoas físicas e jurídicas;
• Financiamentos de saneamento e infraestrutura;
• Operações ligadas ao agronegócio, que vêm ganhando espaço no portfólio.

Portanto, o lucro maior não veio só de corte de custos. Ele também reflete uma expansão consistente da carteira, com foco em linhas que possuem garantias mais robustas e menor risco relativo.

Inadimplência e provisões: onde está o risco?

Se por um lado o lucro cresceu, por outro, o banco precisou reforçar as provisões para calotes. O balanço mostra que as despesas com provisão para perdas de crédito chegaram a R$ 5,1 bilhões no 3º trimestre, com aumento relevante em relação ao ano anterior.

Ao mesmo tempo, a inadimplência acima de 90 dias atingiu cerca de 3,01% em setembro de 2025, alta em comparação a 2024. Ainda assim, a Caixa segue com carteira concentrada em operações com garantias reais, especialmente no crédito imobiliário, o que ajuda a reduzir o risco estrutural do portfólio.

No entanto, o aumento do atraso no pagamento das dívidas serve de alerta. Isso porque o cenário de renda comprimida das famílias e juros ainda elevados impacta diretamente a capacidade de pagamento do cliente.

Função social, loterias e programas do governo

Além do resultado financeiro, a Caixa reforçou seu papel como agente de políticas públicas. Segundo o balanço, as Loterias Caixa arrecadaram cerca de R$ 6,4 bilhões no 3º trimestre, com alta de quase 10% em relação ao mesmo período de 2024. Desse total, R$ 2,4 bilhões foram destinados a áreas como saúde, educação, esporte, cultura e segurança pública.

Enquanto isso, o banco segue na linha de frente dos programas sociais federais, com pagamento de mais de R$ 330 bilhões em benefícios entre janeiro e setembro de 2025, de acordo com dados divulgados pela própria instituição.

Por outro lado, entidades de trabalhadores como a Fenae alertam para o impacto de fechamento de agências e para a sobrecarga em unidades que permanecem abertas, especialmente em regiões mais vulneráveis, o que poderia afetar a qualidade do atendimento à população.

Resultado da Caixa: o que isso significa para o cidadão comum?

Para o cliente, o lucro de R$ 3,8 bilhões não significa apenas um número no balanço. Ele pode influenciar, por exemplo:

• a política de crédito imobiliário, com possíveis ajustes em taxas e prazos;
• a oferta de linhas de financiamento para pequenos negócios;
• a sustentabilidade dos programas sociais operados pelo banco;
• o nível de investimento em tecnologia e canais digitais, que afeta a experiência de atendimento.

Além disso, o desempenho da Caixa ajuda a mostrar a saúde do sistema financeiro público. Em um momento em que grandes bancos privados também registram lucros robustos, o resultado da Caixa reforça o peso dos bancos estatais no crédito à habitação e em projetos de desenvolvimento.

O que observar nos próximos trimestres?

Para quem acompanha o setor financeiro ou investe em bancos, alguns pontos merecem atenção daqui pra frente:

• Juros: uma queda mais forte da taxa básica tende a reduzir margens, mas pode aliviar a inadimplência.
• Inadimplência: se os atrasos continuarem subindo, o banco pode precisar reforçar ainda mais as provisões.
• Estratégia de agências: decisões sobre fechamento ou expansão de unidades impactam tanto custos quanto a função social da Caixa.
• Crescimento da carteira: manter um avanço saudável, com foco em crédito de menor risco, será crucial para sustentar o lucro.

Em resumo, o lucro de R$ 3,8 bilhões no 3º trimestre mostra uma Caixa mais rentável, com carteira em expansão e forte atuação em habitação e programas sociais — mas também revela desafios na gestão de risco e na preservação do papel público do banco.

Se você quer continuar por dentro dos bastidores da economia, dos bancos públicos e do mercado financeiro, acompanhe as próximas análises e notícias aqui no Brasilvest, onde a gente traduz os números para o seu dia a dia.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Quanto a Caixa lucrou no 3º trimestre de 2025?

A Caixa registrou lucro líquido contábil de aproximadamente R$ 3,8 bilhões no 3º trimestre de 2025, alta de 15,4% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados divulgados no balanço e repercutidos por veículos como o G1 e a IstoÉ Dinheiro.

Por que o lucro da Caixa subiu em 2025?

O lucro subiu principalmente porque a margem financeira aumentou, a carteira de crédito cresceu — com destaque para o crédito imobiliário — e o banco passou a operar com maior eficiência. Ao mesmo tempo, a Caixa reforçou provisões para risco de crédito, mas manteve forte presença em operações com garantias reais, o que ajuda a conter perdas.

Qual é o tamanho da carteira de crédito da Caixa hoje?

A carteira de crédito total da Caixa terminou setembro de 2025 em torno de R$ 1,334 trilhão, com avanço de mais de 10% em 12 meses. Desse total, cerca de R$ 905 bilhões estão ligados ao crédito habitacional, consolidando o banco como o principal financiador de moradia no Brasil.

A inadimplência na Caixa está alta?

A inadimplência acima de 90 dias ficou perto de 3,01% em setembro de 2025, um pouco acima do registrado em 2024. Embora o índice tenha subido, a Caixa afirma que a concentração em operações com garantias e o reforço de provisões ajudam a manter o risco sob controle.

O lucro maior significa que as tarifas vão subir ou descer?

O lucro, sozinho, não determina se tarifas ou juros vão subir ou cair. Essas decisões dependem de vários fatores, como concorrência com outros bancos, custo de captação, cenário de juros no país e estratégias comerciais da própria Caixa. No entanto, um banco mais rentável costuma ter mais espaço para investir em tecnologia, canais digitais e atendimento.

Como o lucro da Caixa impacta programas sociais e loterias?

A Caixa é o principal operador de programas sociais do governo federal. Parte da estrutura que permite pagar benefícios a milhões de brasileiros é sustentada pela saúde financeira do banco. Além disso, as Loterias Caixa destinam bilhões de reais por ano para áreas como esporte, cultura, educação e segurança, o que reforça o impacto social dos resultados da instituição.