Promessa de dinheiro de volta atrai consumidores, mas pode esconder armadilhas que anulam o benefício.
A ideia de receber uma parte do dinheiro gasto de volta ao usar o cartão de crédito tem conquistado os brasileiros. Os chamados cartões com cashback ganharam força nos últimos anos, com promessas de até 2% de retorno em compras do dia a dia. Mas será que essa vantagem realmente compensa — ou serve apenas como isca para estimular o consumo?
Na prática, o cashback funciona como um incentivo: o consumidor gasta, e o banco ou a fintech devolve uma fração desse valor. Esse retorno pode vir em forma de crédito na fatura, saldo para transferências, ou ainda como milhas e descontos em lojas parceiras. Só que nem tudo é tão simples. Muitos cartões exigem gastos mínimos mensais ou cobram anuidades elevadas, o que pode anular qualquer economia.
Outro ponto que merece atenção é o comportamento de consumo. Especialistas em finanças alertam que o cashback só faz sentido quando o gasto seria feito de qualquer maneira. Quando o consumidor compra algo só para “bater a meta” do cartão, o efeito se inverte: em vez de economizar, ele aumenta o endividamento — e, muitas vezes, com juros altos do rotativo se a fatura não for paga integralmente.
Além disso, os percentuais de retorno variam bastante. Enquanto alguns cartões oferecem até 1,5% em todas as compras, outros limitam o benefício a gastos em parceiros específicos, como aplicativos de delivery, farmácias ou postos de gasolina. A validade dos créditos também é uma pegadinha: em certos programas, o valor expira em poucos meses se não for usado.
Para quem já centraliza as despesas no cartão e paga tudo em dia, o cashback pode representar um benefício interessante — especialmente se vier acompanhado de outros serviços, como acesso a salas VIP ou programas de pontos. Mas é preciso comparar opções, entender o regulamento e avaliar se a economia gerada supera os custos do produto.
No fim das contas, o cashback pode, sim, ser vantajoso. Mas não é dinheiro grátis. É uma estratégia de fidelização que funciona melhor quando o consumidor tem disciplina, planejamento e não confunde benefício com justificativa para gastar mais do que deveria.