A China impressiona o mundo com avanços em inteligência artificial, robótica, chips e veículos elétricos. Mas, por trás dessa vitrine de alta tecnologia, a economia do país enfrenta desequilíbrios profundos, desperdício de recursos e um modelo que começa a cobrar seu preço social. O contraste nunca foi tão evidente.
Como a China virou rival tecnológica dos EUA?
Nos últimos anos, a China reduziu rapidamente a distância em relação aos Estados Unidos em setores estratégicos. O foco em autossuficiência tecnológica virou prioridade nacional, especialmente após restrições impostas por Washington ao acesso a semicondutores avançados.
Startups de IA, fábricas altamente robotizadas e investimentos maciços em pesquisa colocaram o país em posição de disputa direta em áreas sensíveis da economia global.
Qual é o custo desse avanço tecnológico?
O problema é o preço dessa estratégia. Bilhões de dólares são direcionados a empresas deficitárias, muitas delas mantidas vivas por governos locais. O resultado é uma má alocação de recursos em escala gigantesca.
Economistas apontam que o dinheiro investido em tecnologia poderia reforçar educação rural, consumo interno e proteção social, pilares essenciais para sustentar o crescimento no longo prazo.
Existe excesso de empresas e projetos na China?
Sim. O país vive um cenário de oferta exagerada em vários setores. No mercado de veículos elétricos, dezenas de marcas disputam espaço, mas apenas uma pequena parcela deve sobreviver nos próximos anos.
O mesmo ocorre na robótica e em outros segmentos de ponta, onde o número de empresas cresce mais rápido do que a demanda real.
A economia do dia a dia acompanha essa inovação?
Não. Enquanto fábricas automatizadas produzem em escala, o consumo interno segue fraco. Os preços dos imóveis caíram fortemente desde a pandemia, salários estão pressionados e o desemprego entre jovens urbanos é elevado.
Em muitas regiões, o cidadão comum não tem renda para consumir os produtos de alta tecnologia que o próprio país fabrica.
Dívida pública virou um problema estrutural?
Virou. As dívidas de governos locais quase dobraram em poucos anos, ultrapassando níveis históricos. Parte desse endividamento está ligada justamente a fundos estatais de investimento em tecnologia, que nem sempre geram retorno.
O crescimento da produtividade desacelerou, o que preocupa ainda mais em um país cuja população já começou a diminuir.
O que dizem os organismos internacionais?
O Fundo Monetário Internacional tem sido direto. A diretora-gerente Kristalina Georgieva defende que a China precisa estimular o consumo interno e reduzir a dependência de subsídios e exportações.
Segundo estimativas do FMI, a ajuda estatal excessiva chegou a reduzir o PIB chinês, ao invés de fortalecê-lo.
Por que Pequim insiste nesse modelo?
Para o governo liderado por Xi Jinping, a autossuficiência tecnológica é questão de segurança nacional. A visão é que depender menos do exterior justifica os custos elevados no curto prazo.
Além disso, a China continua apostando em exportações recordes como válvula de escape para seus problemas internos, mesmo diante de tensões comerciais.
O risco está aumentando?
Sim. O grande desafio é que tecnologia não gera empregos suficientes para absorver milhões de jovens. Setores altamente automatizados criam valor, mas empregam pouco.
Sem fortalecimento do consumo e da rede social, o modelo pode se tornar insustentável, mesmo com avanços tecnológicos impressionantes.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
A China realmente ameaça a liderança tecnológica dos EUA?
Sim, especialmente em IA, robótica e veículos elétricos, embora ainda enfrente limitações estruturais.
O avanço tecnológico melhora a vida da população?
Nem sempre. O consumo segue fraco e a renda média continua pressionada.
Por que há tanto desperdício de recursos?
Porque muitos investimentos são guiados por decisões políticas, não por eficiência de mercado.
A dívida chinesa é um risco global?
Pode se tornar, principalmente se governos locais perderem capacidade de pagamento.
A China deve mudar sua estratégia?
No curto prazo, não. A prioridade segue sendo autossuficiência e exportações.









