Governo aposta em crédito e investimentos em infraestrutura para evitar desaceleração mais forte da economia.
A economia chinesa entrou em 2025 sob pressão de desaceleração, com sinais de fraqueza no setor imobiliário e na demanda doméstica. Para conter o risco de uma queda mais acentuada, Pequim vem anunciando pacotes de estímulos focados em crédito barato, corte de compulsório bancário e investimentos em obras de infraestrutura. Segundo a Reuters, o governo também orientou bancos estatais a ampliar empréstimos para famílias e pequenas empresas.
O impacto desses estímulos é global. Ao sustentar a demanda por aço e cimento, a China acaba puxando preços de minério de ferro e petróleo, beneficiando países exportadores como o Brasil. A Bloomberg destacou que contratos futuros em Dalian e Xangai reagiram imediatamente às medidas, refletindo expectativas de maior consumo industrial.
Apesar disso, analistas alertam que os estímulos não resolvem o problema estrutural da crise imobiliária, que já deixou grandes incorporadoras endividadas. Reportagem do Estadão lembra que o excesso de oferta de imóveis e a queda de confiança dos consumidores continuam pesando sobre o setor, que representa cerca de 25% do PIB chinês.
Outro ponto de atenção é o endividamento elevado dos governos locais, que financiam boa parte dos projetos de infraestrutura. O Valor Econômico cita estudos que mostram risco de sobrecarga fiscal, já que muitos municípios dependem de novas dívidas para bancar obras, comprometendo sustentabilidade de longo prazo.
Para investidores, os estímulos sustentam o crescimento no curto prazo, mas a dúvida é se serão suficientes para evitar um ciclo prolongado de desaceleração. A leitura é de cautela: enquanto commodities podem ganhar fôlego, a economia chinesa segue em processo de transição mais difícil do que se previa.