Você vai entender por que a inadimplência no Brasil atingiu níveis tão elevados, com milhões de CNPJs negativados e dezenas de milhões de endividados. O texto mostra como juros altos, o uso do cartão de crédito e o crédito fácil das fintechs pressionam famílias e empresas.
Também explica os efeitos no consumo, no crédito e nas contratações. Por fim, aponta medidas práticas para proteger seu orçamento e para empresas preservarem caixa.
Brasil tem 8,1 milhões de CNPJs negativados e 78,8 milhões de pessoas endividadas
O país vive um nível elevado de endividamento que atinge tanto famílias quanto empresas. Em agosto de 2025 havia 8,1 milhões de CNPJs negativados e 78,8 milhões de pessoas com dívidas registradas. A alta da taxa de juros e passivos acumulados desde a pandemia estão no centro desse quadro. A pressão de novas plataformas financeiras também teve impacto: a entrada das fintechs ampliou oferta de crédito, mudando o cenário de risco para consumidores e empresas.
Panorama principal
Três números resumem a crise:
- 78,8 milhões de consumidores inadimplentes, com dívida média por pessoa de R$ 6.267,69 e cerca de quatro dívidas negativadas por pessoa.
- 8,1 milhões de empresas com CNPJ negativado, num universo de 24,5 milhões de empresas ativas.
- A Selic subiu de 2% (ago/2020) para 15% (jun/2025), elevando o custo do crédito — entenda melhor o papel da taxa Selic na economia e no seu bolso.
Dados-chave
| Indicador | Valor |
|---|---|
| Pessoas inadimplentes (ago/2025) | 78,8 milhões |
| Dívida média por inadimplente | R$ 6.267,69 |
| Dívidas médias por pessoa | ~4 |
| Empresas com CNPJ negativado | 8,1 milhões |
| Empresas ativas | 24,5 milhões |
| Média da dívida empresarial (ago/2024 → ago/2025) | R$ 21,6 mi → R$ 24,6 mi |
| Principais setores das dívidas | Bancos/cartões 27,3%, Utilities 20,8%, Instituições financeiras 19,5% |
| Selic (ago/2020 → jun/2025) | 2% → 15% |
Como chegamos até aqui
O aumento é consequência de choques acumulados:
- Dívidas e atrasos gerados na pandemia nunca foram totalmente quitados.
- A elevação forte dos juros aumentou o custo de rolagem e de pagamentos em atraso.
- Expansão de empréstimos sem desconto em folha e do uso do rotativo do cartão, especialmente com a entrada de fintechs, elevou taxas efetivas — o impacto do rotativo do cartão está bem documentado em análises sobre o juros do rotativo.
- Comportamento do consumidor: muitos tratam o limite do cartão como renda disponível e subestimam pequenas parcelas — fenômenos conhecidos como contabilidade mental e viés do presente.
Pesquisas indicam que o endividamento das famílias saltou de 58% (jan/2017) para 79% atualmente, e a inadimplência está em torno de 30% das famílias — níveis historicamente altos.
Impacto sobre famílias e empresas
Efeitos diretos no consumo e no mercado de trabalho:
- O consumo das famílias representa cerca de 62% do PIB. Menos renda disponível tende a frear o crescimento econômico.
- Empresas acumulam dívidas maiores e enfrentam mais dificuldade de acesso a crédito. Serviços concentram a maior parte das dívidas empresariais (≈32%).
- Micro e pequenas empresas (93% do total) são as mais vulneráveis, por menor folga financeira e gestão menos profissionalizada. Relatórios sobre o aumento do juro médio do crédito livre mostram a pressão adicional sobre capital de giro (juro médio do crédito livre).
- Para 2026, a expectativa de juros ainda elevados pode reduzir investimentos, contratações e aumentar demissões.
Relatórios de mercado sugerem que o quadro tende a permanecer pressionado enquanto juros e incerteza fiscal não forem resolvidos. Além disso, mudanças tecnológicas influenciam como o crédito é concedido: veja como a inteligência artificial está sendo usada na análise de crédito no Brasil.
Cenário para 2026
Mesmo com cortes graduais na Selic, a taxa deverá permanecer alta o suficiente para manter restrição de crédito. Em ano eleitoral, incertezas podem reduzir investimentos e postergar decisões das empresas. Assim, as projeções indicam manutenção de inadimplência e endividamento em patamares elevados no próximo ano. Choques externos e decisões de política monetária internacional também podem afetar o ambiente financeiro.
Conclusão
Estamos diante de uma combinação de fatores — juros altos, crédito fácil e comportamento de consumo — que transformou pequenas parcelas em uma montanha de dívida. A inadimplência não é abstrata: são 78,8 milhões de consumidores e 8,1 milhões de CNPJs negativados, o que aperta o consumo e estrangula o acesso ao crédito.
As causas são claras e interligadas: alta da Selic, uso do cartão de crédito como renda, expansão das fintechs e vieses comportamentais. A solução exige ação prática e imediata: proteja seu orçamento — monte uma reserva de emergência mesmo com renda reduzida (como montar uma reserva), renegocie dívidas priorizando redução do principal, use instrumentos como o FGTS para quitar dívidas com desconto quando fizer sentido e avalie com cuidado a antecipação de pagamentos (quando antecipar faz sentido). Profissionalize o controle do caixa da empresa e evite armadilhas de crédito, consultando guias como 7 cuidados ao contratar consignado. Pequenas mudanças hoje evitam grandes dores amanhã.
Perguntas frequentes
Como juros altos transformam minha dívida e a do meu CNPJ em uma bola de neve?
Juros altos elevam a parcela destinada a juros mensalmente; sem redução do principal, a dívida cresce e pode levar à negativação. Para entender melhor o comportamento dos bancos e como eles ganham com diferentes produtos.
De que forma o crédito fácil e os cartões aceleraram a inadimplência?
Crédito fácil ampliou consumo imediato; rotativo e empréstimos com juros altos viraram armadilhas que muitos não conseguem pagar.
Por que meu CNPJ ficou negativado mesmo com mais vagas de emprego e renda média subindo?
Renda pode crescer menos que custos e juros. Margens apertadas e queda da demanda pressionam o caixa; sem capital de giro, atrasos levam a protestos e inclusão em cadastros. A escalada do juro médio do crédito livre contribui para esse aperto (juro médio do crédito livre).
O que contabilidade mental e viés do presente têm a ver com dívida?
Pessoas separam gastos e preferem prazer imediato, subestimando o impacto de parcelas acumuladas no orçamento. Ferramentas práticas, como entender seu extrato em passos simples, ajudam a identificar vazamentos de caixa (3 passos para entender seu extrato).
O que faço agora para sair da negativação do meu CNPJ?
Corte gastos não essenciais, renegocie dívidas e alongue prazos quando possível. Profissionalize o controle de fluxo, monte reserva de emergência e trabalhe para melhorar seu score de crédito com ações práticas (5 passos para aumentar sua pontuação).








