A COP30 começou oficialmente em Belém (PA) na segunda-feira, 10 de novembro, marcando a primeira vez que uma conferência climática da ONU ocorre no coração da Amazônia. O evento, que se estenderá por duas semanas, coloca o Brasil sob os holofotes em um dos assuntos mais estratégicos do cenário global: a transição ecológica. Contudo, apesar do discurso forte e da promessa de protagonismo, o país ainda precisa provar que consegue transformar metas ambiciosas em ações concretas.
Nos últimos dias, o governo usou o Global Citizen Festival Amazônia, iniciativa ligada ao projeto Proteja a Amazônia, como vitrine do compromisso ambiental brasileiro. O festival recebeu investimento estimado em R$ 2 milhões e resultou no anúncio de US$ 1 bilhão em compromissos financeiros destinados à restauração de 31 milhões de hectares de florestas.
No entanto, ela faz uma ponderação importante: embora os números impressionem, a grande questão está em saber se esses compromissos realmente serão executados. Como destaca a especialista, se os investimentos prometidos forem implementados, o resultado será positivo; caso contrário, o impacto será apenas simbólico.
Apesar do apelo social usado pelo governo para justificar o festival — como lazer, cultura e engajamento da população local —, Reis ressalta que essa narrativa não sustenta o propósito central da iniciativa. Em outras palavras, o festival serviu principalmente como plataforma de mobilização ambiental e não como um projeto de impacto social direto.
Esses compromissos ambientais são garantidos?
Apesar das cifras bilionárias, os compromissos anunciados ainda se limitam a intenções públicas de governos, instituições financeiras e organizações ambientais. Ou seja, não representam execução imediata. Ainda assim, para Flávia Reis, o festival ajudou a ampliar a visibilidade internacional da Amazônia e fortaleceu a preparação do Brasil para a COP30.
O Brasil consegue equilibrar discurso e prática no clima?
Para o país consolidar o protagonismo climático que deseja, será indispensável avançar no marco regulatório do mercado de carbono. Embora a Lei 15.042/2024 tenha criado o SBCE (Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões), a regulamentação infralegal — responsável por definir como o mercado vai funcionar na prática — ainda não foi publicada. Segundo Reis, existe a promessa de entregar essas regras até a COP30, e a criação da Secretaria Extraordinária do Mercado de Carbono foi um sinal positivo. Ainda assim, nada está concluído.
A falta de regulação ameaça a credibilidade brasileira?
Sim. A ausência de regras claras e previsíveis pesa mais para investidores internacionais do que o custo de festivais ou eventos de mobilização. Como aponta a advogada, investidores globais monitoram com muita atenção a segurança jurídica e a consistência das políticas ambientais dos países onde aplicam seus recursos. Sem isso, qualquer discurso perde força.
O risco de greenwashing pode crescer?
Outro desafio é evitar que o mercado de carbono brasileiro se transforme apenas em uma ferramenta de greenwashing. Para que isso não aconteça, será necessário combinar rigor técnico, equilíbrio econômico e máxima transparência. Segundo Reis, validação, rastreabilidade e clareza regulatória devem ser pilares fundamentais. Caso contrário, o país corre o risco de desperdiçar uma oportunidade histórica de fortalecer seu protagonismo climático de forma concreta — e não apenas no discurso.
Conclusão: o Brasil está pronto para liderar a agenda climática?
Com a COP30 acontecendo em território brasileiro, o mundo observa atentamente se o país conseguirá transformar seu discurso ambiental em ações efetivas. Apesar dos avanços e da mobilização recente, o Brasil ainda precisa entregar regulações claras, fortalecer a credibilidade e garantir que os compromissos anunciados não fiquem apenas no papel.
Se você deseja acompanhar os próximos passos da COP30 e entender como o Brasil poderá consolidar seu papel na agenda climática global, continue navegando pelo Brasilvest e confira nossos próximos conteúdos.
Perguntas Frequentes (FAQs)
Esses compromissos já estão garantidos?
Não. Eles representam intenções públicas e ainda não têm execução imediata.
O que falta para o mercado de carbono brasileiro funcionar?
A publicação da regulamentação infralegal do SBCE, responsável por definir as regras práticas do sistema.
A falta de regulação afeta a credibilidade do Brasil?
Sim. Investidores internacionais valorizam segurança jurídica e previsibilidade nas políticas ambientais.
O Brasil corre risco de praticar greenwashing?
Corre. Sem transparência, rastreabilidade e rigor técnico, o mercado pode perder credibilidade.
A COP30 pode fortalecer o protagonismo ambiental brasileiro?
Pode, desde que o país avance na execução das políticas e transforme promessas em resultados concretos.









