5 C
Nova Iorque
17.6 C
São Paulo
sexta-feira, novembro 14, 2025
spot_img

Correios acumulam 12 trimestres de prejuízo e encaram maior crise da história

Estatal sofre perdas bilionárias, perde espaço para empresas privadas e acende debate sobre privatização e futuro do serviço postal no Brasil

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) atravessa uma fase crítica. A estatal acumula 12 trimestres consecutivos de prejuízo, segundo o G1, com perdas que já ultrapassam R$ 4 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025. O cenário expõe falhas estruturais e uma defasagem competitiva que colocam em xeque o modelo de operação da empresa — um dos símbolos do setor público brasileiro.

Função social versus sobrevivência comercial

Com presença em todos os municípios do país, os Correios enfrentam o desafio de equilibrar sua função social, que inclui entregas em áreas remotas e serviços públicos essenciais, com a pressão competitiva do setor privado. A análise da DW Brasil mostra que a queda no envio de cartas e o crescimento de players como Mercado Livre, Amazon e Loggi abalaram as receitas. O e-commerce, antes um trunfo, tornou-se também o principal campo de disputa pela agilidade das entregas e eficiência logística.

“Taxa das blusinhas” e custos trabalhistas agravam prejuízo

A polêmica “taxa das blusinhas“, que reduziu o fluxo de encomendas internacionais, retirou cerca de R$ 2,2 bilhões da receita dos Correios, conforme a Gazeta do Povo. Ao mesmo tempo, o alto custo da folha de pagamento e os passivos trabalhistas históricos continuam pressionando o caixa. Segundo a CNN Brasil, parte do problema também está ligada à gestão: cargos de liderança politizados e lentidão na digitalização de processos travam a modernização da companhia.

Impacto fiscal e risco de efeito dominó

O rombo não afeta apenas a estatal, mas também o Tesouro Nacional. Como os Correios executam serviços de interesse público — entrega de livros didáticos, vacinas e documentos oficiais — o prejuízo da empresa acaba pesando sobre o orçamento federal. Economistas ouvidos pela CNN Brasil afirmam que o atual modelo é financeiramente insustentável e pode gerar impacto fiscal relevante, ampliando o déficit público e reduzindo a capacidade de investimento em outras áreas.

Plano emergencial tenta conter colapso

Para tentar reverter a tendência, a direção dos Correios lançou um plano emergencial que inclui venda de imóveis, programas de demissão voluntária e investimentos em digitalização, segundo a DW Brasil. Também há previsão de captação de até R$ 20 bilhões com garantia da União, mas especialistas alertam que essas medidas são paliativas e não atacam o cerne da questão: a necessidade de uma profunda reforma estrutural e administrativa.

Privatização segue tabu, mas volta ao radar

Embora o governo descarte oficialmente qualquer movimento de privatização, analistas e consultorias como a Nord Investimentos avaliam que uma abertura parcial ao capital privado ou modelo de parcerias público-privadas (PPPs) pode ser inevitável. O mercado observa que, sem autonomia e flexibilidade operacional, a estatal tende a perder espaço para empresas privadas — especialmente nas entregas expressas e serviços de alto valor agregado.

Desafio de se reinventar no século digital

Os Correios ainda têm relevância social e capilaridade ímpares, mas a sobrevivência da empresa depende de inovação, eficiência e governança técnica. Para especialistas, o caso é emblemático de como a falta de adaptação tecnológica e de gestão profissional pode corroer instituições estratégicas. Se a estatal não redefinir seu papel, corre o risco de se tornar um peso fiscal permanente e um símbolo de atraso dentro da economia digital brasileira.

spot_img

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique Conectado
20,145FãsCurtir
51,215SeguidoresSeguir
23,456InscritosInscrever
Publicidadespot_img

Veja também

Brasilvest
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.