Os Correios decidiram apertar o botão de emergência. Em meio a uma das piores crises financeiras da sua história, a estatal prepara um plano de reestruturação que promete economizar até R$ 4,2 bilhões por ano. A estratégia é dura, mexe com funcionários, estrutura e benefícios, mas foi considerada essencial para garantir a sobrevivência da empresa.
A aposta é clara: cortar agora para não quebrar depois. E foi justamente esse plano que abriu caminho para a liberação de um empréstimo de R$ 12 bilhões, com aval do Tesouro Nacional.
De onde vem a economia bilionária dos Correios?
Atualmente, os Correios gastam cerca de R$ 23 bilhões por ano, sendo que aproximadamente dois terços desse valor vão para despesas com pessoal. O novo plano ataca exatamente esse problema.
A reestruturação foi desenhada em dois grandes eixos: pessoal e estrutura operacional. O impacto total só deve ser sentido a partir de 2029, mas os efeitos começam a aparecer antes, de forma gradual.
Como vai funcionar o novo PDV dos Correios?
Um dos pontos mais sensíveis do plano é o Programa de Demissão Voluntária (PDV). A meta é desligar 15 mil funcionários em dois anos, sendo 10 mil em 2026 e 5 mil em 2027.
Apesar do custo inicial com indenizações, a conta fecha rápido. A própria empresa calcula que somente o PDV deve gerar uma economia de R$ 1,4 bilhão por ano a partir de 2027, com retorno do investimento em cerca de nove meses.
Além disso, estão previstos:
- Revisão do plano de cargos e salários
- Ajustes técnicos no plano de saúde
- Redução de benefícios considerados insustentáveis no longo prazo
Por que os Correios vão fechar agências e vender imóveis?
O segundo eixo do plano mira diretamente a estrutura física da empresa. Até mil unidades deficitárias, entre agências e centros de distribuição, passarão por revisão técnica a partir de 2026.
Na prática, isso pode significar:
- Fechamento ou fusão de agências
- Venda de imóveis considerados ociosos
- Redução de contratos e custos operacionais
- Melhoria no planejamento das rotas de entrega para gastar menos
Só em 2026, a venda de imóveis deve gerar R$ 1,5 bilhão em caixa.
Quando a economia começa a aparecer de verdade?
O cronograma interno aponta um avanço progressivo:
- 2026: economia bruta começa, mas é quase anulada pelos custos do PDV
- 2027: economia líquida estimada em R$ 2,9 bilhões
- 2028: valor sobe para R$ 3,8 bilhões
- 2029 em diante: economia cheia de R$ 4,2 bilhões por ano, corrigida pela inflação
A partir de 2030, esse valor passa a ser considerado estrutural dentro do orçamento da empresa.
Por que os bancos aceitaram emprestar R$ 12 bilhões?
O plano de reestruturação foi decisivo para a aprovação de um empréstimo de R$ 12 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional. Sem esse pacote de cortes, o crédito simplesmente não sairia.
Participam da operação:
- Banco do Brasil (BBAS3)
- Caixa Econômica Federal (estatal)
- Bradesco (BBDC4)
- Itaú Unibanco (ITUB4)
- Santander Brasil (SANB11)
O contrato tem prazo de 15 anos, com três anos de carência, e custo de 115% do CDI, abaixo do teto permitido pelo Tesouro.
Correios podem abrir capital no futuro?
Nos bastidores, a ideia existe. A estatal avalia, no longo prazo, a possibilidade de se tornar uma empresa de economia mista, mantendo o controle da União, nos moldes de Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).
Por enquanto, não há decisão tomada, mas o tema entrou oficialmente no radar estratégico.
O que está realmente em jogo com essa reestruturação?
Se o plano funcionar, os Correios podem:
- Evitar um colapso financeiro
- Reduzir a dependência do Tesouro
- Recuperar competitividade no setor logístico
- Atrair novamente grandes clientes
Se falhar, o cenário é preocupante: novo pedido de socorro ao governo, possivelmente em pleno ano eleitoral.
Conclusão
A reestruturação dos Correios é dolorosa, impopular e inevitável. Os cortes são profundos, mas vistos como a única alternativa para manter a estatal de pé. Os próximos anos serão decisivos para definir se a empresa consegue virar o jogo ou continuará dependendo do dinheiro público.
Para acompanhar de perto os impactos econômicos, políticos e financeiros dessas decisões, continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
Quanto os Correios pretendem economizar com o plano?
A estimativa é de até R$ 4,2 bilhões por ano a partir de 2029.
Quantos funcionários devem sair no PDV?
A meta é desligar 15 mil funcionários entre 2026 e 2027.
Os Correios vão fechar agências?
Sim. Até mil unidades deficitárias podem ser fechadas ou fundidas.
Por que o Tesouro garantiu o empréstimo?
Para evitar o colapso financeiro da estatal e dar tempo para a reestruturação gerar resultados.
Existe risco de privatização?
No curto prazo, não. Mas há estudos sobre abertura de capital parcial no futuro.









