Com a inflação ainda em 3% e o mercado de trabalho mostrando resiliência, vários dirigentes do Federal Reserve (Fed) vêm sinalizando resistência a novas reduções na taxa básica em dezembro — e o mercado já reflete essa dúvida.
Expectativas de corte despencam
Em primeiro lugar, os contratos futuros de juros nos EUA, considerados o melhor termômetro das apostas de investidores, agora indicam apenas 47% de chance de que o Fed reduza as taxas em sua próxima reunião, marcada para 10 de dezembro. No início da semana, a probabilidade era de 67%.
O movimento reflete o discurso mais cauteloso de autoridades do banco central.
A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, que antes defendia novas reduções, disse que ainda é “prematuro” tomar uma decisão, já que faltam dados concretos sobre inflação e emprego.
Sinais mistos da economia americana
O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, também recuou. Ele afirmou que os indicadores econômicos estão “mistos”: alguns setores seguem fortes, enquanto outros mostram sinais de enfraquecimento.
Para ele, ainda há riscos em afrouxar demais a política monetária, mesmo após dois cortes nos juros em 2025.
Além disso, a inflação persistente e a incerteza sobre os dados — agravada pela recente paralisação do governo dos EUA, que atrasou a divulgação de estatísticas oficiais — aumentam a prudência do comitê.
Pressão por cautela cresce dentro do Fed
A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, reforçou a postura mais dura. Segundo ela, há uma “barreira relativamente alta” para um novo corte e, sem sinais claros de deterioração do mercado de trabalho, é melhor manter os juros estáveis “por algum tempo”.
As declarações de Collins foram consideradas um recado direto sobre as divisões internas do banco central.
Elas sugerem que o presidente do Fed, Jerome Powell, terá dificuldade em construir consenso na reunião de dezembro, a última de 2025.
Divisões no FOMC e risco de dissidência
Na reunião anterior, dois dirigentes já votaram contra o corte promovido pelo Fed.
Agora, analistas acreditam que Powell pode enfrentar ainda mais resistência, tanto de membros que defendem juros mais altos quanto daqueles que pedem um corte maior.
Entre os nomes que podem se opor a novas reduções estão Jeffrey Schmid (Kansas City), Alberto Musalem (St. Louis) e Susan Collins (Boston).
Do outro lado, Stephen Miran, Christopher Waller e Michelle Bowman podem discordar caso o Fed mantenha as taxas inalteradas.
A falta de consenso aumenta o risco de um racha mais profundo dentro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), o que poderia ampliar a volatilidade dos mercados no fim do ano.
O que esperar da decisão de dezembro
A reunião do Fed em 9 e 10 de dezembro promete ser uma das mais decisivas de 2025.
Sem dados oficiais completos e com o governo ainda retomando as divulgações econômicas, a visibilidade sobre a inflação é limitada.
Por isso, analistas acreditam que o banco central pode optar por uma pausa antes de avaliar novos cortes em 2026.
Tudo dependerá dos próximos indicadores de emprego, consumo e preços ao consumidor (CPI).
Conclusão
Em conclusão, o que antes parecia um caminho certo para cortes de juros agora virou um jogo de incertezas.
Com o Fed dividido e a economia americana enviando sinais mistos, o mercado deve se preparar para um dezembro imprevisível — e possivelmente turbulento.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Por que o corte de juros nos EUA virou incerto?
Porque a inflação segue acima da meta e o mercado de trabalho continua forte, reduzindo o espaço para novas reduções em 2025.
Qual é a chance de o Fed cortar os juros em dezembro?
Segundo os contratos futuros, há cerca de 47% de probabilidade de corte — bem abaixo dos 67% registrados no início da semana.
Quem são os dirigentes mais cautelosos do Fed?
Mary Daly (San Francisco), Susan Collins (Boston) e Alberto Musalem (St. Louis) estão entre os que defendem mais prudência.
Quando o Fed pode voltar a cortar juros?
Analistas acreditam que novos cortes só devem ocorrer em 2026, caso a inflação continue cedendo.
Como essa decisão afeta o Brasil?
Por fim, mudanças na taxa de juros americana impactam o câmbio, os investimentos estrangeiros e o ritmo de corte da Selic.









