O ano de 2025 foi tudo, menos monótono, para quem investe em crédito privado. A tentativa do governo de tributar debêntures incentivadas, CRIs e CRAs acendeu um alerta forte no mercado, mexeu com o apetite dos investidores e provocou uma verdadeira corrida pelos papéis isentos.
A Medida Provisória nº 1.303/2025 chegou a propor taxação de 5% a partir de janeiro de 2026, mas encontrou forte resistência da bancada do agro no Congresso — e acabou caducando em outubro. Na prática, a isenção permanece… por enquanto.
O que aconteceu com a tributação dos papéis isentos?
A MP que taxaria os títulos morreu sem votação. Isso significa que:
• Debêntures incentivadas continuam isentas de IR;
• CRIs e CRAs também preservam o benefício fiscal;
• O mercado ganhou tempo — mas o risco de nova proposta em 2026 existe.
Enquanto isso, investidores correram para aproveitar a “janela final” de isenção. Gestores abriram fundos, emissores aceleraram captações e a demanda explodiu.
Por que as emissões bateram recorde em 2025?
A incerteza regulatória transformou o mercado. Segundo dados da Anbima:
• Debêntures incentivadas chegaram a R$ 133,3 bilhões emitidos até outubro (+19,2%);
• CRAs somaram R$ 29,3 bilhões;
• CRIs atingiram R$ 34,5 bilhões.
Setores como energia elétrica (33,8%) e transporte/logística (32,6%) lideraram as captações, seguidos de saneamento e telecom.
Para Viviane Las Casas, chefe de renda fixa da Valor Investimentos, o efeito foi “positivo” no curto prazo: o mercado se adaptou rápido e manteve forte apetite pelo crédito privado.
Quais os problemas que surgiram no crédito privado?
O ano também expôs fragilidades. Para Bruna Pacheco, sócia da GT Capital, 2025 registrou:
• Aumento de default e reestruturações;
• Atrasos significativos em pagamentos;
• Estresse concentrado em logística, varejo e partes do agronegócio;
• Spreads pressionados e perda de confiança.
Com muito dinheiro perseguindo poucos papéis, os spreads se comprimiram demais. O investidor assumia risco, mas recebia pouco em troca.
Como ficaram os retornos?
A disputa por papéis isentos retirou prêmio de risco. Em algumas ofertas, as taxas ficaram tão apertadas que quase não compensavam a exposição adicional ao crédito privado.
Mesmo assim, quem foi seletivo teve resultado positivo — principalmente alocando em emissores de alta qualidade.
O que esperar de 2026?
As especialistas consultadas projetam um ano mais equilibrado:
• Emissões mais criteriosas;
• Estruturas mais robustas;
• Riscos melhor precificados;
• Investidores mais cuidadosos.
Com a perspectiva de queda da taxa básica de juros, a demanda por debêntures, CRIs e CRAs deve continuar forte — agora com mais seletividade e menos euforia.
Para o investidor, esse movimento abre espaço para retornos mais ajustados, menor ruído regulatório (pelo menos por enquanto) e oportunidades em crédito privado de qualidade.
Conclusão
2025 foi marcado por incertezas, sustos e recordes no crédito privado. A ameaça de tributação mexeu com fluxo, preços e risco — mas também abriu espaço para correções importantes que devem deixar o mercado mais saudável em 2026.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
CRIs, CRAs e debêntures continuarão isentos em 2026?
Sim, por enquanto. Mas o governo pode retomar o tema no próximo ano.
Por que houve corrida pelos papéis isentos?
Investidores temiam perder o benefício fiscal e aceleraram as aplicações.
Houve aumento de inadimplência em 2025?
Sim. Defaults e reestruturações cresceram, principalmente em logística, varejo e parte do agro.
As taxas ficaram menos atrativas?
Em muitos casos, sim. A disputa por títulos isentos reduziu spreads e encareceu o risco.
Vale a pena investir nesses títulos em 2026?
Sim, desde que com seleção criteriosa e foco em emissores sólidos.









