O setor público brasileiro voltou a apresentar um resultado preocupante. Em agosto, o déficit primário consolidado chegou a R$ 17,2 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O número representa mais um mês em que governos e estatais gastaram mais do que arrecadaram, reforçando os desafios fiscais de 2025.
Apesar do rombo, o desempenho foi um pouco melhor do que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando o déficit havia sido superior a R$ 21 bilhões. Ainda assim, o resultado acende um alerta importante sobre a trajetória das contas públicas.
De onde veio o rombo de agosto?
Em primeiro lugar, o déficit de R$ 17,2 bilhões é a soma do resultado negativo de três frentes do setor público:
- Governo Central: déficit de R$ 15,9 bilhões
- Governos regionais (estados e municípios): déficit de R$ 1,3 bilhão
- Estatais: déficit de R$ 6 milhões
A combinação desses números mostra que a deterioração fiscal não está concentrada apenas na União — estados e empresas públicas também enfrentam dificuldade para equilibrar seus orçamentos.
Situação nos últimos 12 meses ainda preocupa
Além disso, mesmo com oscilações mensais, o quadro agregado permanece negativo.
Nos 12 meses encerrados em agosto, o setor público consolidado acumulou déficit primário de R$ 23,1 bilhões, o equivalente a 0,19% do PIB.
Para comparação, no período até julho, o déficit acumulado era de R$ 27,3 bilhões (0,22% do PIB). Ou seja: houve ligeira melhora, mas o número ainda indica fragilidade fiscal.
Juros continuam pesando — e muito
Em terceiro lugar, outro ponto que ajuda a explicar o rombo nas contas é o peso crescente dos juros nominais, que somaram R$ 74,3 bilhões em agosto, acima dos R$ 69 bilhões registrados no mesmo mês de 2024.
Em 12 meses, os juros alcançaram R$ 946,5 bilhões, o equivalente a 7,63% do PIB, refletindo o custo elevado do endividamento público.
Quando se soma o resultado primário com os juros, chega-se ao chamado resultado nominal — e ele escancara a dificuldade do país em controlar o déficit total.
Em agosto, o resultado nominal foi deficitário em R$ 91,5 bilhões.
Nos 12 meses até agosto, o rombo nominal atingiu R$ 969,6 bilhões, praticamente estável em relação aos R$ 968,5 bilhões acumulados até julho.
O que explica esse cenário?
Diversos fatores ajudam a entender por que as contas públicas seguem pressionadas:
- Despesas obrigatórias continuam crescendo, especialmente previdência e salário de servidores.
- Receita não avança no mesmo ritmo, mesmo com melhora pontual da arrecadação.
- Juros altos elevam o custo da dívida, ampliando o déficit nominal.
- Governos estaduais ainda enfrentam desequilíbrios estruturais herdados dos últimos anos.
O resultado é um ambiente fiscal desafiador, que exige controle de gastos e recuperação sustentada da atividade econômica para aliviar a pressão.
Conclusão: um alerta importante para os próximos meses
Em conclusão, o déficit de agosto reforça que o país ainda enfrenta um caminho longo para estabilizar as contas públicas.
Mesmo com uma leve melhora em relação ao ano passado, o quadro fiscal permanece frágil, especialmente por causa do peso dos juros.
Por fim, com as metas fiscais no centro do debate político, o comportamento das contas públicas nos próximos meses será decisivo para definir a confiança de investidores e a trajetória da economia.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O que é déficit primário?
É quando o governo gasta mais do que arrecada, sem considerar os juros da dívida.
Por que agosto teve um rombo de R$ 17,2 bilhões?
Porque governo central, estados e estatais fecharam o mês gastando acima do que arrecadaram.
Os juros influenciam o déficit?
Sim. Os juros nominais pesam muito no resultado total e ajudam a ampliar o déficit nominal.
O déficit melhorou em relação ao ano passado?
Levemente, mas o cenário ainda é de fragilidade fiscal.
O resultado nominal é mais preocupante?
Sim. Ele inclui juros e mostra quase R$ 1 trilhão de déficit em 12 meses.
Esse cenário afeta a economia?
Afeta, pois influencia a confiança, a taxa de juros, investimentos e a capacidade do governo de cumprir metas fiscais.









