Levantamento mostra concentração de inadimplência em municípios de médio porte e alerta para impacto no comércio local.
Um levantamento inédito da Serasa Experian revelou as cidades brasileiras com maior dívida per capita em 2025. O ranking mostra que municípios de médio porte, fora do eixo Rio-São Paulo, lideram a lista de endividamento individual, refletindo o peso do crédito caro e da renda em queda sobre a população.
Segundo os dados divulgados pela Reuters, a cidade de Cuiabá (MT) ocupa a primeira posição, com dívida média por habitante de R$ 6.480. Em seguida aparecem Porto Velho (RO), com R$ 6.120, e Campo Grande (MS), com R$ 5.890. Essas capitais regionais se destacam pelo crescimento do consumo a crédito nos últimos anos, seguido por forte aumento da inadimplência.
O levantamento mostra ainda que, em São Paulo, maior centro econômico do país, a dívida per capita é de R$ 5.230, ocupando apenas a 8ª colocação no ranking. Já no Rio de Janeiro, o valor médio é de R$ 4.980, o que deixa a capital fluminense fora do top 10. Reportagem do Valor Econômico destacou que cidades com forte presença do funcionalismo público registram dívidas mais elevadas, em parte devido ao fácil acesso a consignados.
Outro fator relevante é a desigualdade regional. Municípios do Norte e Centro-Oeste concentram boa parte dos maiores índices de endividamento per capita, enquanto cidades do Sul, com renda média mais alta, aparecem em posições mais baixas no ranking. Esse padrão reforça o impacto de juros altos sobre populações mais vulneráveis ao crédito.
Para comerciantes locais, a situação gera preocupação. Em entrevista ao Estadão, representantes de associações empresariais relataram queda significativa nas vendas de bens duráveis, como eletrodomésticos e móveis, justamente em cidades que lideram o ranking de endividamento. A restrição no consumo pressiona margens e ameaça a sobrevivência de pequenos negócios.
Especialistas avaliam que políticas públicas voltadas à renegociação de dívidas e à educação financeira serão cruciais para frear o avanço do problema. Sem medidas estruturais, a tendência é de que o peso do crédito siga travando o crescimento econômico regional nos próximos anos.