2.4 C
Nova Iorque
24.9 C
São Paulo
segunda-feira, dezembro 29, 2025
spot_img

Estatais “problemáticas” torraram R$ 15,8 bi e o risco só aumenta

Você paga imposto, o governo faz aporte… e algumas estatais simplesmente continuam no vermelho. Nos últimos dez anos, um grupo de empresas federais consideradas “problemáticas” consumiu R$ 15,8 bilhões em dinheiro público, segundo levantamentos recentes. E o alerta é direto: o Tesouro já trata essas companhias como risco fiscal, porque podem exigir novos socorros para não colapsar.

O caso dos Correios virou o símbolo do problema: uma estatal pressionada por concorrência, tecnologia e má eficiência, agora em busca de financiamento com aval do governo. Só que ela não está sozinha.

Quais estatais mais drenaram recursos?

A campeã de aportes é a Infraero, que recebeu cerca de R$ 9,8 bilhões entre 2015 e 2024. O motivo é conhecido: com aeroportos lucrativos sendo concedidos à iniciativa privada, sobrou para a Infraero uma estrutura mais cara e menos rentável.

Na lista também aparecem:

  • Correios: aporte de R$ 224 milhões em 2018 e, agora, forte demanda por financiamento
  • ENBPar: cerca de R$ 5,2 bilhões desde 2021 e pedido adicional de R$ 1,4 bilhão
  • Companhias Docas: juntas, somam aproximadamente R$ 547,6 milhões em aportes (CDC, CDP, Codeba, CDRJ e Codern)

O ponto central é isolado, mas pesado: algumas dessas empresas já têm patrimônio líquido negativo, ou seja, mais dívidas do que ativos. Isso é praticamente uma sirene ligada dentro do setor público.

“Mas estatais não dão retorno para o governo?”

Algumas dão — e muito. Só que o retorno é concentrado em poucas gigantes.

Entre 2017 e 2024, o governo colocou dinheiro em estatais via aportes e subvenções, mas recebeu bem mais em dividendos, juros e amortizações. O problema é que a maior parte disso veio de quatro nomes:

Petrobras (PETR4), BNDES, Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa.

Em 2024, 96% do dinheiro que o Tesouro recebeu em dividendos e juros veio desse grupo. Ou seja: há estatais que sustentam o caixa, enquanto outras viram custo recorrente.

E quando olhamos só para o “grupo de risco”, o retorno é baixíssimo: cerca de R$ 1,6 bilhão em dez anos, o que dá algo como 10% do que foi aportado. Em alguns casos, como Infraero e certas docas, foi zero retorno.

Por que isso vira risco para 2026?

Porque as regras fiscais mudaram. Com o arcabouço fiscal, aportes em estatais não dependentes contam dentro do limite de despesas. Traduzindo: socorrer estatal agora aperta o orçamento e força corte em outras áreas.

Por isso, o governo tende a preferir “soluções indiretas”, como:

  • aval do Tesouro para empréstimos (em vez de capitalização direta)
  • entrada de novos sócios
  • reestruturações internas com metas duras

O exemplo mais recente é o dos Correios: a tentativa inicial de captação maior travou por causa dos juros, e depois o Tesouro aprovou uma operação de R$ 12 bilhões com bancos, para reduzir custo financeiro e viabilizar o plano de recuperação.

O problema é só fiscal? Não. É de modelo

A discussão vai além de “cabe no orçamento”. O que está em jogo é o modelo de Estado empresário operando com baixa eficiência e custos altos, sem entregar retorno proporcional.

Em bom português: manter empresa que não se sustenta vira um ciclo de aportes, dívidas e novos pedidos, enquanto o contribuinte banca a conta e o serviço nem sempre melhora.

Aqui no Brasilvest, a leitura é direta: quando o dinheiro público vira “tampa de buraco” recorrente, o risco é sempre o mesmo — a conta aparece no orçamento, nos juros e na qualidade do gasto.

👉 Quer entender como essas decisões mexem com economia, dívida pública e investimentos? Continue navegando pelo Brasilvest.

Perguntas Frequentes (FAQs)

O que são estatais “problemáticas”?

São empresas públicas com prejuízos recorrentes, baixo retorno e risco de precisar de novos aportes do governo.

Quanto elas custaram ao governo em 10 anos?

Cerca de R$ 15,8 bilhões em aportes, segundo levantamentos do período.

Quais foram as que mais receberam recursos?

A Infraero lidera, seguida por ENBPar e aportes menores em Correios e companhias docas.

Por que o governo não socorre logo com dinheiro?

Porque o arcabouço fiscal limita gastos. Aportes diretos apertam o orçamento e exigem cortes em outras despesas.

Estatais dão lucro para o governo?

Algumas sim, principalmente Petrobras (PETR4) e bancos públicos. Mas o retorno é muito concentrado e não cobre o rombo das “problemáticas”.

spot_img

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique Conectado
20,145FãsCurtir
51,215SeguidoresSeguir
23,456InscritosInscrever
Publicidadespot_img

Veja também

Brasilvest
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.