Produção industrial da Alemanha recua pelo terceiro trimestre seguido e levanta temores sobre a economia do continente
A economia europeia enfrenta crescente risco de recessão técnica em 2025, em meio ao enfraquecimento da indústria alemã e à desaceleração do consumo em diversas economias do bloco. Dados divulgados pelo Eurostat mostram que o PIB da zona do euro registrou contração de 0,2% no segundo trimestre, após estagnação nos três meses anteriores, reforçando o temor de uma nova crise prolongada.
Na Alemanha, motor industrial da região, a produção recuou 1,1% no último trimestre, acumulando três quedas consecutivas. Reportagem da Reuters destacou que setores-chave, como automobilístico e químico, foram diretamente impactados por custos elevados de energia e pela perda de competitividade global. O encolhimento alemão puxa para baixo toda a zona do euro, já que o país responde por cerca de um quarto do PIB do bloco.
Segundo a Bloomberg, a alta persistente dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) contribuiu para o arrefecimento da atividade, encarecendo o crédito e freando investimentos. Embora a inflação tenha dado sinais de desaceleração, ainda permanece acima da meta de 2%, o que limita a margem para cortes imediatos nas taxas.
Especialistas alertam que o quadro pode ser agravado pela fraqueza do comércio internacional. Com a China crescendo menos e os Estados Unidos mantendo juros altos, as exportações europeias encontram barreiras adicionais. “O risco é de um círculo vicioso: menor produção reduz renda e confiança, o que impacta o consumo e aprofunda a retração”, afirmou um economista ouvido pelo Estadão.
Alguns governos tentam adotar estímulos fiscais para suavizar o impacto. A França anunciou um pacote de investimentos em infraestrutura energética, enquanto a Itália aposta em incentivos à construção civil. Ainda assim, analistas avaliam que a coordenação no âmbito da União Europeia segue limitada, com divergências entre países mais endividados e os defensores da disciplina fiscal.
Para investidores, a leitura é de cautela. Relatório do JPMorgan recomenda evitar exposição excessiva a ativos ligados à indústria europeia até que haja sinais claros de recuperação. Ao mesmo tempo, papéis de tecnologia e empresas voltadas à transição energética são vistos como alternativas defensivas em meio à turbulência.