Setor sente desaceleração da demanda e aumento de custos, mas mantém expectativa de melhora até o fim do ano
O faturamento da indústria brasileira recuou 5,3% em agosto em relação ao mês anterior, conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgados nesta terça-feira (7). Segundo o InfoMoney, o setor industrial viveu um mês de ajustes após o avanço registrado em julho, refletindo a combinação de queda na demanda interna e aumento dos custos de produção.
Produção menor e demanda mais fraca freiam o ritmo
O relatório da CNI mostra que a redução do faturamento foi acompanhada por queda de 3,5% nas horas trabalhadas e estagnação do emprego formal. Essa desaceleração ocorre em meio ao enfraquecimento do consumo doméstico e ao encarecimento de insumos básicos, como energia e combustíveis.
Além disso, a alta dos juros ainda limita novos investimentos e pressiona o capital de giro das empresas. Como resultado, muitas indústrias reduziram turnos e adiaram projetos de expansão. Ainda assim, o desempenho acumulado de 2025 segue levemente positivo, sustentado pela exportação de bens de maior valor agregado.
Alta de custos e incerteza fiscal afetam confiança
Enquanto o governo discute medidas de ajuste fiscal, o setor produtivo tenta lidar com margens cada vez mais apertadas. Segundo o G1, o recuo nas exportações para os Estados Unidos — principal destino de parte da produção industrial — ampliou a pressão sobre o caixa das empresas.
Por outro lado, a incerteza sobre o futuro da MP do IOF e das regras fiscais também preocupa empresários. Assim, o ambiente de negócios segue travado entre a necessidade de crédito e o receio de novos aumentos tributários.
Emprego estagnado e produtividade em queda
A pesquisa da CNI indica que o emprego industrial não cresceu em agosto, mantendo estabilidade pelo segundo mês consecutivo. Esse comportamento reflete a prudência dos empresários diante de um cenário indefinido.
Além disso, a produtividade da mão de obra também recuou 2,9% no período, após meses de recuperação gradual. Para especialistas, o resultado confirma que as empresas estão operando com capacidade ociosa maior, o que reduz a eficiência e afeta o lucro líquido. Ainda assim, a entidade avalia que o último trimestre do ano pode trazer melhora, caso o consumo se recupere com o pagamento do 13º salário.
Perspectivas para o fim de 2025
Apesar do recuo em agosto, a CNI mantém projeção de estabilidade para o fechamento do ano, com crescimento moderado na indústria de transformação. Segundo o levantamento, setores como alimentos, papel e produtos químicos devem apresentar leve alta nos próximos meses.
Por outro lado, segmentos dependentes de crédito, como automotivo e construção, devem continuar em ritmo lento. Portanto, a recuperação total do setor ainda depende da confiança do consumidor e da previsibilidade econômica.
Governo aposta em estímulos pontuais
O Ministério da Fazenda estuda linhas de financiamento específicas para pequenas e médias indústrias e incentivos para exportações, na tentativa de reverter a tendência negativa. Embora a CNI veja com bons olhos essas medidas, a entidade cobra reformas estruturais, como simplificação tributária e redução de encargos trabalhistas.
Enquanto isso, o mercado aguarda a próxima divulgação do IBGE sobre produção industrial para confirmar se a queda de agosto representa apenas um ajuste pontual ou o início de uma tendência mais longa.
Em resumo, o setor industrial brasileiro atravessa uma fase de pressão e cautela, mas ainda mantém o otimismo moderado. Se o ambiente fiscal for estabilizado e o crédito voltar a fluir, o país pode encerrar 2025 com um crescimento industrial leve, porém sustentável — sustentado por inovação, exportações e eficiência produtiva.