Mesmo o cético precisa admitir: às vezes, a sorte resolve contrariar a lógica
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Uma aposta simples, feita numa lotérica do interior de São Paulo, levou sozinha R$ 96,17 milhões na Mega-Sena, segundo o G1. Um bilhete de cinco reais, seis números escolhidos, e pronto: um novo milionário nasceu.
Eu, pessoalmente, nunca tive o hábito de jogar. Não é falta de coragem, é pura descrença. Sou cético o bastante pra saber que a probabilidade de acertar a Mega é menor do que a de ser atingido por um raio duas vezes no mesmo dia. Quando ouço alguém dizendo “um dia acerto”, costumo responder: “um dia o raio também cai, e nem por isso a gente fica esperando no campo aberto”.
Mas a verdade é que, nessa maré de juros altos, salário curto e boletos longos, até o mais incrédulo sente um leve arrepio quando lê uma manchete dessas. Porque, no fundo, há algo reconfortante em ver que alguém venceu a estatística, mesmo que por acidente. Vivemos um tempo em que fé e finanças parecem andar em direções opostas. De um lado, a frieza dos números: inflação, Selic, IPCA. Do outro, o instinto humano de acreditar que amanhã pode ser diferente. E talvez seja aí que a “fezinha” entra. E não como estratégia, mas como respiro.
Não, eu não virei adepto da loteria. Continuo achando que o melhor investimento ainda é o que depende de disciplina e tempo, não de sorte. Mas confesso: a notícia me fez pensar que, talvez, ter fé em tentar seja uma forma de lembrar que ainda dá pra sonhar, mesmo em meio a planilhas e boletos.
No fim das contas, sigo cético — e consciente de que jogo não é plano financeiro. Mas também entendo que, em um país onde tantos enfrentam o improvável todos os dias, a fé é uma forma legítima de resistência. E se um dia eu resolver fazer aquela fezinha, não será por acreditar no milagre, mas por reconhecer que esperança, às vezes, é o investimento mais acessível que existe.









