Muito além da Petrobras: política de preços, câmbio e impostos compõem o valor que você paga no posto
O preço da gasolina no Brasil é um assunto recorrente no bolso — e nas conversas — dos brasileiros. Mas afinal, o que define o valor final que aparece na bomba do posto? A resposta envolve muito mais do que apenas a Petrobras. Há uma cadeia complexa de fatores, tanto nacionais quanto internacionais, que influenciam o preço do litro.
A Petrobras, responsável por cerca de 80% do refino do país, utiliza uma política de preços que considera o valor do petróleo no mercado internacional, o câmbio (especialmente a cotação do dólar) e a concorrência interna. Quando o preço do barril de petróleo sobe no exterior ou o dólar se valoriza frente ao real, há tendência de repasse para os combustíveis no Brasil. Em abril de 2024, por exemplo, a estatal elevou os preços após um salto de 8% na cotação do Brent, segundo dados da Bloomberg.
Além disso, há a incidência de tributos como ICMS (estadual), Cide, PIS e Cofins (federais), que podem representar mais de 30% do preço final. As alíquotas variam por estado e são frequentemente alvo de embates políticos. O recente congelamento do ICMS por parte de alguns estados, como São Paulo e Minas Gerais, segundo o G1, teve impacto direto no valor da gasolina nas bombas.
Outro componente importante é a distribuição e revenda, que envolve o custo de logística e a margem de lucro de distribuidores e postos. Em regiões mais afastadas dos centros urbanos, os preços tendem a ser mais altos, por conta do transporte e da menor competição entre revendedores.
A política de preços da Petrobras foi alvo de críticas nos últimos anos. Entre 2016 e 2022, vigorava a Paridade de Importação (PPI), que atrelava os preços internos às flutuações internacionais. A mudança de governo em 2023 trouxe alterações na fórmula, com maior peso para a realidade do mercado interno — mas ainda com influência externa significativa.
Entender como a gasolina é precificada ajuda o consumidor a compreender que não se trata de um valor fixado de forma arbitrária. A volatilidade é estrutural, e acompanhar os movimentos do petróleo, do dólar e das políticas tributárias pode ajudar a prever — ou ao menos entender — as oscilações no custo de encher o tanque.









