5 C
Nova Iorque
17.6 C
São Paulo
sexta-feira, novembro 14, 2025
spot_img

Gastos do governo podem “amarrar as mãos” do BC, alerta estrategista da XP

Pressão fiscal em ano eleitoral pode limitar cortes de juros e afetar a credibilidade da política monetária

Os elevados gastos do governo em um ano eleitoral podem “amarrar as mãos” do Banco Central, dificultando a continuidade da política de corte de juros esperada pelo mercado. O alerta foi feito pelo estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, durante o evento Global Voices, promovido pela CNC em São Paulo, segundo reportagem do InfoMoney.

Ferreira afirmou que, caso o impulso fiscal seja forte demais, o BC pode ser obrigado a desacelerar o ritmo de afrouxamento monetário. “Se o BC não conseguir cortar, ou cortar menos do que o esperado, isso vai ser uma notícia ruim, porque está todo mundo esperando o corte”, disse o estrategista.

Política fiscal pressiona a autonomia do BC

Na avaliação de Ferreira, o Brasil viveu recentemente uma “onda otimista” que impulsionou os ativos financeiros, mas o mercado “passou por cima do que está acontecendo no país”. Ele destacou que o desequilíbrio das contas públicas continua sendo um dos maiores desafios para a estabilidade macroeconômica.

O estrategista projeta que os juros básicos devem atingir 12% ao ano até o fim de 2026, caso o governo não adote medidas mais firmes de contenção fiscal. Para ele, “gastar demais num ano político pode comprometer o espaço de manobra do Banco Central”.

Riscos externos aumentam a cautela

Ferreira também ressaltou que o ambiente internacional contribui para o cenário de incerteza. Segundo ele, o Federal Reserve pode não entregar os cortes de juros esperados, o que limitaria ainda mais o espaço para o BC brasileiro reduzir a taxa Selic sem causar pressões cambiais.

No mesmo evento, Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital e ex-diretor de Política Monetária do BC, afirmou que 2026 será “um pesadelo” para a autoridade monetária. Ele lembrou que o câmbio ajudou a conter a inflação este ano, mas advertiu que essa vantagem pode desaparecer se o dólar voltar a subir — cenário que forçaria o BC a manter juros mais altos por mais tempo, segundo o InfoMoney.

Credibilidade e confiança do mercado em jogo

Economistas avaliam que a combinação de pressão fiscal interna e juros internacionais elevados pode comprometer a credibilidade da política monetária e elevar o prêmio de risco dos títulos públicos brasileiros. Se o Banco Central for impedido de agir com autonomia, investidores podem exigir retornos mais altos para financiar o governo, o que ampliaria o custo da dívida.

O debate sobre ajuste estrutural, corte de gastos e sustentabilidade fiscal volta ao centro das atenções. Para Ferreira, o momento exige equilíbrio: estimular a economia sem comprometer a confiança no controle da inflação e na independência do BC.

spot_img

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique Conectado
20,145FãsCurtir
51,215SeguidoresSeguir
23,456InscritosInscrever
Publicidadespot_img

Veja também

Brasilvest
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.