Proposta amplia papel do fundo em políticas públicas e abre debate sobre sustentabilidade financeira
O governo enviou ao Conselho Curador do FGTS uma proposta para destinar R$ 160,5 bilhões do fundo em 2026, com foco em habitação popular, saneamento, mobilidade urbana e infraestrutura. A informação foi publicada pelo InfoMoney e já entrou na agenda de discussão entre técnicos e parlamentares.
Habitação ficará com a maior parte do montante
Do total solicitado, R$ 144,5 bilhões devem ir para programas habitacionais, sobretudo para expansão de programas sociais de moradia. Além disso, a proposta prevê recursos para ações de melhoria de moradias existentes e para obras de infraestrutura urbana. Nesse sentido, o Ministério das Cidades será um dos responsáveis pela coordenação dos projetos e pela fiscalização da execução.
Sustentabilidade financeira do FGTS em pauta
Especialistas acendem sinal de alerta sobre a sustentabilidade do FGTS diante do aumento dos desembolsos. O fundo é constituído por depósitos mensais dos empregadores e, além de financiar investimentos, serve como reserva para proteger o trabalhador em casos de demissão sem justa causa. Portanto, abrir espaço para repasses maiores exige avaliação do fluxo de caixa e da liquidez do FGTS. Por isso, conselheiros técnicos pedem modelos que mostrem o impacto fiscal e operacional antes de qualquer liberação ampla.
Efeitos sobre crédito, juros e construção civil
A decisão de ampliar os repasses tende a ter efeitos claros no mercado. Primeiramente, a disponibilidade maior de recursos para habitação pode tornar o crédito habitacional mais acessível e, portanto, estimular a cadeia da construção civil. Consequentemente, isso pode gerar empregos e aquecer segmentos dependentes da construção. Por outro lado, o direcionamento expressivo de recursos públicos pode reduzir o espaço para crédito privado e alterar a dinâmica de precificação do mercado financeiro. Essas trocas precisam ser acompanhadas por medidas técnicas e por critérios de priorização que evitem distorções.
Saneamento e infraestrutura: onde o dinheiro deve atuar
Além da moradia, o governo pretende destinar parte dos recursos a projetos de saneamento básico e mobilidade urbana. O foco deverá ser a expansão de redes de água e esgoto e a melhoria de corredores de transporte nas cidades. Essas intervenções buscam corrigir déficits históricos de infraestrutura e gerar ganhos de saúde pública e produtividade. Ainda assim, técnicos ressaltam que a execução exige cronogramas rigorosos e mecanismos de governança para evitar atrasos e desperdícios.
Próximos passos e riscos políticos
A proposta agora seguirá para análise do Conselho Curador do FGTS. Caso aprovada, o governo divulgará cronograma e critérios de liberação por região e por tipo de projeto. Entretanto, o tema tende a ganhar espaço no debate público e político, principalmente por ocorrer em ano pré-eleitoral. Assim, além da avaliação técnica, haverá disputa política sobre prioridades e impactos distributivos. Enquanto o país aguarda a decisão, o setor da construção e os conselhos técnicos manterão atenção plena aos desdobramentos.









