Conversa tratou de tarifas e abriu caminho para nova rodada diplomática entre Brasil e EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira (6) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por videoconferência com Donald Trump. O diálogo, realizado pela manhã, marcou a primeira comunicação direta entre os dois líderes desde o anúncio do tarifaço americano, que elevou impostos sobre produtos brasileiros. A informação foi confirmada em entrevista ao G1.
Clima de tensão e gesto diplomático
Haddad afirmou que a conversa ocorreu em clima “respeitoso e objetivo“. Segundo ele, Lula buscou reabrir canais diplomáticos e reduzir tensões provocadas pela nova política comercial dos EUA. O ministro destacou que o governo brasileiro preferiu o caminho do diálogo a medidas imediatas de retaliação.
De acordo com o G1, o contato foi sugerido pelo Palácio do Planalto e aceito por Washington no fim de semana.
Foco econômico e próximos passos
Durante a reunião, Lula pediu a Trump que reveja as tarifas sobre aço, alumínio e soja, que hoje chegam a 50%. O ministro explicou que equipes técnicas dos dois países continuarão negociando “para encontrar soluções equilibradas”.
Nos bastidores, diplomatas acreditam que o gesto abre espaço para um encontro presencial ainda neste trimestre, caso o diálogo avance. A Casa Branca, segundo a Reuters, considera enviar um enviado especial ao Brasil para aprofundar as tratativas comerciais.
Reação dos mercados e do agronegócio
A confirmação da conversa trouxe alívio momentâneo aos mercados. O dólar recuou levemente e ações exportadoras, como Vale e Petrobras, abriram em alta moderada. Para o agronegócio, a reunião foi vista como sinal de moderação e possível chance de reversão parcial do tarifaço.
Analistas avaliam que o tom conciliador de Lula pode evitar uma escalada que prejudicaria tanto produtores brasileiros quanto consumidores americanos.
Política externa em modo de teste
Apesar do tom positivo, Haddad reconheceu que “não há garantias concretas ainda“. O avanço dependerá da disposição de Trump em ajustar tarifas e do apoio do Congresso americano, onde há resistência a concessões.
Mesmo assim, o gesto tem valor político: mostra tentativa de reposicionar o Brasil como interlocutor direto de Washington em meio à guerra comercial global.
O que esperar nos próximos dias
O Itamaraty deve publicar uma nota detalhada sobre os temas tratados e os próximos encontros técnicos. Paralelamente, Lula planeja levar o assunto ao G20 e buscar apoio de parceiros estratégicos.
Para investidores, o sinal é claro: se a diplomacia funcionar, o câmbio e o Ibovespa podem reagir melhor. Caso contrário, novas barreiras tarifárias ainda podem gerar instabilidade.