O terceiro trimestre de 2025 foi um verdadeiro banho de água fria para os investidores da Hapvida (HAPV3). Após divulgar números bem abaixo das expectativas, a ação da operadora de saúde desabou até 40% na B3 nesta quinta-feira (13), marcando uma das maiores quedas do ano.
A empresa registrou lucro líquido de R$ 338 milhões, mas o resultado foi ofuscado pela alta da sinistralidade, pelo fluxo de caixa negativo e pelo Ebitda ajustado muito abaixo das projeções.
O desempenho levou o JPMorgan a rebaixar a recomendação da ação de compra (overweight) para neutra, reduzindo o preço-alvo de R$ 52 para R$ 39.
Mercado reage mal a balanço e liquidez preocupa
Em primeiro lugar, as ações da Hapvida abriram o pregão em forte queda de 32,4%, negociadas a R$ 22,09, após um longo leilão de abertura. Na mínima do dia, chegaram a R$ 19,62, uma perda de quase 40%.
A dívida líquida subiu para R$ 4,25 bilhões, aumento de 3,7% em relação ao ano anterior. A alavancagem ficou em 1 vez o Ebitda, refletindo leve deterioração financeira. Já o fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 234 milhões, o que acendeu o alerta entre analistas sobre a capacidade de geração de caixa da companhia.
Ebitda cai e margem operacional despenca
Em segundo lugar, o Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 613 milhões, uma queda de 20% frente ao trimestre anterior e 27% abaixo das estimativas do mercado. A margem Ebitda recuou para 7,9%, ante projeção de 10,7%, devido à sinistralidade médica acima do esperado e custos fixos maiores com novas unidades.
De acordo com o Goldman Sachs, o aumento da frequência de uso dos serviços e as despesas administrativas mais altas pressionaram os resultados. O índice de sinistralidade (MLR) atingiu 75,2%, alta de 1,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.
O BTG Pactual destacou que o trimestre foi “muito fraco”, apontando uma combinação de fatores negativos: fluxo de caixa baixo, SG&A elevado, contingências maiores e crescimento orgânico limitado. O banco cortou suas estimativas de Ebitda para 2026 em 20%, reduzindo o preço-alvo para R$ 50.
Resultados frustram expectativas e ampliam incertezas
Juntamente disso, o lucro por ação ajustado ficou em R$ 0,22, uma queda de 38% em relação ao ano anterior e 31% abaixo das estimativas do JPMorgan. Segundo o banco, o desempenho reflete crescimento fraco de beneficiários, aumento de cancelamentos e custos médicos acima do previsto, agravados por efeitos sazonais e um inverno mais rigoroso.
Mesmo com receita líquida de R$ 7,78 bilhões — alta de 6% no ano —, o resultado ficou 1% abaixo do esperado. O lucro contábil foi negativo em R$ 57 milhões, e o resultado financeiro foi pressionado por uma despesa 36% maior, ligada ao acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde).
Concorrência acirrada e desafios no curto prazo
Além disso, a Hapvida enfrenta concorrência agressiva da Amil em São Paulo, o que dificulta novas adições de clientes e recuperação da margem operacional. A empresa adicionou apenas 13 mil beneficiários líquidos no trimestre, bem abaixo das 44 mil vidas projetadas.
O JPMorgan alertou que as pressões devem continuar em 2026, uma vez que a companhia ainda investe pesado em estrutura e qualidade de serviço, mas não colhe resultados imediatos. “A Hapvida enfrenta alta rotatividade de clientes e preços restritos. A melhora nas margens deve vir de forma lenta”, avalia o relatório.
Rede D’Or ganha espaço como aposta do setor
Com a revisão negativa da Hapvida, o JPMorgan reforçou que a Rede D’Or (RDOR3) segue como sua preferência no setor de saúde da América Latina, mantendo recomendação de compra (overweight).
O banco projeta que o retorno da lucratividade da Hapvida só deve ocorrer a partir do fim de 2026, impulsionado por maior volume de atendimentos e recuperação gradual do tíquete médio.
Conclusão
Os números do terceiro trimestre deixaram claro que a Hapvida atravessa uma fase difícil, marcada por custos crescentes, margens reduzidas e desafios competitivos. Apesar de estar realizando investimentos para fortalecer sua operação, o mercado vê pouca visibilidade de melhora no curto prazo.
FAQ
Por que as ações da Hapvida caíram tanto?
O mercado reagiu aos resultados fracos do 3T25, com sinistralidade alta, fluxo de caixa negativo e margens pressionadas.
O que o JPMorgan decidiu sobre HAPV3?
O banco cortou a recomendação de compra para neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 52 para R$ 39, citando riscos operacionais persistentes.
Quando a Hapvida pode se recuperar?
Analistas esperam melhora apenas a partir do fim de 2026, conforme os investimentos em estrutura comecem a gerar retorno.
Há alternativas melhores no setor de saúde?
Sim. Por fim, o JPMorgan e outras casas de análise veem a Rede D’Or (RDOR3) como a opção mais sólida no curto e médio prazo.








