Mercado reage à tensão global e a incertezas sobre a política fiscal brasileira
O Ibovespa encerrou esta terça-feira (7) em forte queda, pressionado pelo ambiente externo negativo e pela cautela fiscal no Brasil. O principal índice da B3 recuou 1,57%, aos 141.356 pontos, segundo o InfoMoney. Enquanto isso, o dólar subiu 0,75%, cotado a R$ 5,35, em meio à busca global por proteção.
Shutdown nos EUA pesa sobre o humor do mercado
A paralisação parcial do governo americano (shutdown) continua sem solução, e o impasse entre republicanos e democratas pressiona o sentimento global de risco. Esse cenário levou investidores a buscar ativos de refúgio, como o dólar e os Treasuries, elevando a aversão ao risco.
Além disso, a falta de consenso sobre o orçamento americano ameaça atrasar dados econômicos e compromete projeções para o quarto trimestre. Assim, o fluxo de capital estrangeiro para emergentes diminuiu, o que contribuiu para o recuo da bolsa brasileira.
Commodities e bancos limitam as perdas
Apesar do tom negativo, ações ligadas a commodities e bancos evitaram uma queda ainda maior. Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) subiram com a recuperação do minério de ferro na China, que voltou a ser negociado acima de US$ 105 a tonelada, segundo o Valor Econômico.
No setor financeiro, Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) registraram ganhos leves, impulsionados pela expectativa de aumento da demanda por crédito corporativo. Ainda assim, o avanço foi insuficiente para compensar as perdas em papéis de consumo e tecnologia, mais sensíveis à alta dos juros.
Juros e câmbio ampliam a pressão
Com o dólar mais forte e os juros futuros (DI) em alta, o ambiente de negócios ficou mais desafiador. O mercado precifica a possibilidade de o Banco Central manter a Selic estável por mais tempo, diante da volatilidade externa e da incerteza fiscal.
Enquanto isso, o real teve desempenho inferior ao de outras moedas emergentes, refletindo a combinação de risco político doméstico e cautela global. Analistas apontam que, se o dólar romper a faixa de R$ 5,40, a pressão inflacionária pode aumentar e adiar novos cortes na taxa básica de juros.
Perspectivas para os próximos dias
Os investidores agora voltam as atenções aos dados do IPCA e ao discurso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que pode indicar o rumo da política monetária até o fim do ano.
Além disso, o desfecho do impasse fiscal nos EUA seguirá determinando o apetite ao risco nos mercados emergentes. Se o governo americano conseguir aprovar o orçamento, o alívio pode devolver parte das perdas recentes ao Ibovespa.
Por outro lado, a falta de avanço pode manter o índice pressionado, especialmente em setores cíclicos e sensíveis ao crédito.
Um mercado em compasso de espera
Em síntese, o pregão desta terça mostrou que o Ibovespa enfrenta ventos contrários em duas frentes: a incerteza internacional e o desconforto fiscal doméstico. Apesar disso, o Brasil segue beneficiado por fundamentos sólidos em commodities e boa entrada de fluxo estrangeiro no acumulado do ano.
Portanto, o investidor deve manter cautela, diversificar carteiras e acompanhar os próximos passos de Brasília e Washington. Afinal, a soma desses fatores definirá o tom dos mercados nas próximas semanas.