Mercado doméstico sofre com perdas externas e incertezas fiscais pontuam a tensão
O Ibovespa, índice de referência da bolsa brasileira, fechou em queda de 0,73%, encerrando o pregão nesta sexta-feira em 140.680,34 pontos, conforme noticiou o InfoMoney. O mercado ampliou o movimento de ajuste iniciado ao longo do mês, pressionado por perdas em Wall Street e recuos no preço do petróleo.
Ajuste global e local alinham o tom negativo
O cenário externo adicionou peso ao dia: as bolsas americanas registraram fortes baixas diante das declarações de Donald Trump sobre tarifas e da tensão comercial com a China. A notícia contagiou mercados globais e induziu aversão ao risco nos investidores brasileiros. Internamente, o ambiente fiscal também contribuiu para o pessimismo: dúvidas sobre o rumo de receitas para 2026 e sobre os desdobramentos da MP 1.303 reforçaram a precaução entre agentes econômicos.
Semana e mês marcam perdas expressivas
Nos últimos cinco pregões, o Ibovespa acumulou queda de 2,44%. Ao longo de outubro, o índice demonstra forte correção, com perda acumulada de 3,8%, contrastando com a performance positiva vista em setembro, quando renovou máximas do ano e acumulou alta de cerca de 22% em 2025.
Setores mais afetados e destaques pontuais
O setor financeiro foi um dos mais penalizados: Banco do Brasil ON recuou 2,74%, Bradesco PN perdeu 1,35%, e Santander Brasil sofreu retração de 2,15%. No segmento de petróleo e energia, a Petrobras PN caiu 0,89%, acompanhando o recuo global nos preços do petróleo, enquanto a Petrobras ON recuou 0,75%.
Em paralelo, Vale ON perdeu 0,41%, revertendo ganhos anteriores mesmo com avanços nos futuros do minério de ferro na China. Entre as empresas de construção, Direcional ON caiu 1,81%, após divulgar prévia operacional do 3º trimestre desfavorável. Já Suzano ON foi um dos poucos com resultado positivo, subindo 1,05%, apoiada em medidas de apoio do BNDES.
Reflexo do clima de incerteza
Analistas ouvidos pelo InfoMoney apontam que o dia foi de “cautela global”, com investidores buscando segurança diante da combinação de riscos externos e domésticos. Em especial, o risco fiscal aparece como elemento central: o mercado questiona que cortes serão feitos para fechar rombos com a retirada da MP proposta, e teme medidas populistas. Um analista da Dom Investimentos afirmou que “quem vai pagar será cobrado via preços de ativos”.
Enquanto o mercado digere os impactos do ambiente global e fiscal, a agenda dos próximos dias se torna crucial. Expectativa de mais anúncios nos EUA, resultados corporativos e discursos de autoridades devem guiar novas reações e redefinir o posicionamento dos investidores.