O Ibovespa começou dezembro provando que 2025 ainda não acabou para o mercado. Pela primeira vez na história, o principal índice da Bolsa brasileira ultrapassou os 160 mil pontos, marcando um novo capítulo de confiança dos investidores — tanto aqui quanto no exterior.
Por volta das 11h10 desta terça-feira (02), o Ibovespa subia 1,15%, alcançando 160.430 pontos e consolidando mais um avanço dentro de uma tendência firme de alta que já se estende ao longo do ano.
A pergunta que fica é: o que explica esse clima tão positivo? E mais importante: até onde o índice pode chegar?
O clima é de otimismo — e política monetária segue no centro do debate
A reta final do ano coloca todos os holofotes sobre as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. O Federal Reserve está em período de silêncio antes da sua próxima reunião, marcada para a próxima quarta-feira. No mesmo dia, o mercado também acompanhará a decisão do Copom, que segue com a Selic em 15% ao ano e é esperado para iniciar cortes apenas em 2026.
Analistas reforçam que o bom humor vem, em parte, das expectativas de queda dos juros norte-americanos ainda em dezembro e da percepção de que o ciclo de alívio monetário brasileiro está próximo.
Mas não é só isso. O mercado também reage ao cenário político.
Segundo levantamento da AtlasIntel/Bloomberg, a desaprovação ao governo Lula voltou a superar a aprovação, reduzindo receios de reeleição e trazendo alívio ao mercado, que vê um ambiente mais favorável a mudanças fiscais.
Cenário externo ajuda a empurrar o índice para novas máximas
O movimento de alta do Ibovespa também é sustentado pelo viés positivo das Bolsas internacionais. Mesmo com tensões geopolíticas — como o encontro em Moscou entre Vladimir Putin e o enviado dos EUA, Steve Witkoff —, investidores seguem otimistas com uma possível trégua diplomática que pode reduzir parte da aversão ao risco.
Os mercados globais estão operando alinhados a uma tese de aterrissagem suave (soft landing) da economia americana, que também beneficia emergentes como o Brasil.
Indústria brasileira decepciona, mas não freia a Bolsa
Os dados do IBGE, também divulgados nesta terça-feira, mostraram que a produção industrial subiu apenas 0,1% em outubro, abaixo da expectativa de alta de 0,4%. O número reforça que a atividade segue fraca, em um ambiente ainda marcado por juros altos e demanda moderada.
Mesmo assim, o mercado parece disposto a olhar adiante — especialmente para o ciclo de cortes da Selic, que deve ganhar força apenas no ano que vem.
Para onde o Ibovespa pode ir agora? Os bancos respondem
A euforia não é sem fundamento. Diversas casas de análise revisaram para cima suas projeções para o Ibovespa em 2026 — e algumas delas são extremamente otimistas.
Veja o que cada uma projeta:
- Itaú BBA: tendência de alta com alvos entre 165 mil e 180 mil pontos
- Ágora Investimentos: vê continuidade do movimento positivo após ajuste recente
- Bradesco BBI: destaca valuation atrativo e dividend yield robusto de 5,6% em 2026
- XP Investimentos: revisou sua projeção de 170 mil para 185 mil pontos
- BofA: aposta em 180 mil pontos para o fim de 2026
- Morgan Stanley: é o mais otimista, projetando o Ibovespa em 200 mil pontos no fim do próximo ano
Para o Morgan, o Brasil pode se tornar um dos destaques globais de 2026, com forte crescimento de lucros (+7% em 2026 e +19% em 2027) e múltiplos ainda descontados.
Por que o mercado está tão confiante?
Os analistas citam três pilares principais:
- Juros altos, mas com espaço claro para queda em 2026
- Valuation atrativo, com múltiplos comprimidos
- Dividend yield estimado em 5,6%, garantindo boa remuneração ao investidor enquanto aguarda a Selic cair
E há um dado histórico importante: em janelas de 12 meses após o início de ciclos de cortes de juros, o Ibovespa costuma subir mais de 20%, reforçando a narrativa de que o “próximo movimento” pode destravar valor significativo.
Conclusão: Ibovespa pode ter espaço para muito mais — e 2026 já está no radar
Com recordes sucessivos, clima externo favorável e expectativas positivas para juros, o Ibovespa inicia dezembro em um dos momentos mais fortes da sua história. As projeções acima de 180 mil — e até 200 mil pontos — mostram que o mercado acredita que ainda há espaço para mais valorização.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Por que o Ibovespa ultrapassou 160 mil pontos?
O avanço ocorre por expectativas de queda de juros, forte fluxo estrangeiro e otimismo com o cenário político e externo.
O ciclo de cortes da Selic começa quando?
O mercado aposta em início em março de 2026, embora haja quem veja chance de corte já em janeiro.
A produção industrial fraca pode atrapalhar a Bolsa?
No curto prazo, não. O mercado está focado na expectativa de queda dos juros, que costuma impulsionar ações.
Qual banco tem a projeção mais otimista para o Ibovespa?
O Morgan Stanley, que projeta o índice a 200 mil pontos no fim de 2026.
O cenário político influencia a Bolsa?
Sim. A queda de popularidade do governo reduz riscos percebidos e melhora o humor dos investidores.
O valuation da Bolsa ainda é atrativo?
Sim. O Ibovespa negocia a múltiplos baixos e tem dividend yield robusto, acima de 5%.









