A inclusão financeira na América Latina vive um momento decisivo. A região foi a que mais cresceu em número de pessoas com conta bancária nos últimos anos, mas o cenário ainda está longe do ideal. Milhões de adultos seguem dependentes do dinheiro físico, sem acesso pleno a pagamentos digitais, crédito e serviços financeiros básicos.
Esse descompasso abre um campo gigantesco de oportunidades para fintechs, que vêm transformando a forma como pessoas e empresas lidam com dinheiro. E, em muitos países, elas avançam justamente onde os bancos tradicionais não chegaram.
Por que a inclusão financeira ainda é um desafio tão grande?
Mesmo com o aumento das contas bancárias, cerca de 150 milhões de adultos na região ainda usam apenas dinheiro vivo para pagar compras do dia a dia. No Brasil, esse número ultrapassa 50 milhões de pessoas. Na Colômbia, passa de 16 milhões.
Isso mostra que ter conta não significa estar incluído financeiramente. Falta acesso a meios digitais, crédito, seguros e educação financeira. É nesse vácuo que as fintechs ganham espaço.
Como as fintechs mudaram o jogo na América Latina?
Nos últimos dez anos, o mercado financeiro da região passou por uma transformação profunda. Antes, as opções eram limitadas, caras e pouco adaptadas à realidade de grande parte da população.
Com mudanças regulatórias e avanço da tecnologia, surgiram fintechs focadas em públicos específicos, como trabalhadores informais, pequenos empreendedores e populações de baixa renda. Essas empresas passaram a oferecer contas digitais, pagamentos instantâneos, crédito alternativo e soluções simples, acessíveis pelo celular.
O resultado foi uma verdadeira revolução na forma como os serviços financeiros são entregues e consumidos.
Quais países estão mais avançados nesse processo?
O Brasil lidera esse movimento, com um ecossistema regulatório mais maduro e iniciativas como pagamentos instantâneos e open finance. O México avançou com a Lei Fintech, embora ainda enfrente entraves práticos. A Colômbia vem atraindo capital estrangeiro, enquanto Chile, Peru e Uruguai também registram avanços importantes.
Já países como Argentina, Bolívia e Venezuela enfrentam dificuldades macroeconômicas que atrasam a evolução do setor financeiro digital.
O que ainda trava o avanço da inclusão financeira?
O principal gargalo segue sendo a regulação. Regras claras facilitam investimentos, estimulam inovação e reduzem riscos. Sem isso, o ecossistema cresce de forma desigual.
Outro entrave importante é a infraestrutura digital. Em várias regiões, a cobertura de internet móvel ainda é limitada, o que dificulta a adoção de soluções financeiras digitais.
Além disso, o cenário econômico global reduziu o apetite dos investidores, pressionando valuations e exigindo modelos de negócio mais sustentáveis e eficientes.
Embedded Finance pode ser a virada do jogo?
O Embedded Finance, ou finanças embutidas, surge como uma solução poderosa. Nesse modelo, serviços financeiros são integrados diretamente a plataformas de varejo, marketplaces e aplicativos não financeiros.
Grandes redes varejistas passam a oferecer pagamentos, crédito e contas digitais, aproveitando sua capilaridade física e digital. Em países com infraestrutura frágil, essas empresas se tornam pontos estratégicos de entrada e saída de dinheiro, acelerando a inclusão financeira.
Onde estão as maiores oportunidades daqui para frente?
As oportunidades vão muito além da bancarização básica. Ainda há enorme demanda por crédito, microcrédito, seguros acessíveis e educação financeira. Em países como México e Peru, a taxa de desbancarização ainda é altíssima.
Enquanto mercados desenvolvidos já estão saturados, a América Latina segue como um verdadeiro território em construção, oferecendo espaço para inovação, crescimento e impacto social.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O que é inclusão financeira?
É o acesso da população a serviços financeiros básicos, como contas, pagamentos, crédito e seguros.
Por que a América Latina ainda tem tantos desbancarizados?
Por falta de infraestrutura, educação financeira e modelos adaptados à realidade local.
Qual o papel das fintechs nesse cenário?
Elas criam soluções digitais simples, acessíveis e focadas em públicos ignorados pelos bancos tradicionais.
O que é Embedded Finance?
É a oferta de serviços financeiros dentro de plataformas não financeiras, como varejistas e apps.
A inclusão financeira ainda tem espaço para crescer?
Sim. O potencial é enorme, principalmente em crédito, seguros e educação financeira.









