Robôs já tomam decisões financeiras em frações de segundo — e isso está mudando o jeito de investir no Brasil e no mundo.
O uso de inteligência artificial (IA) no mercado financeiro não é mais ficção científica — é rotina. Plataformas automatizadas, conhecidas como robôs advisors ou algoritmos de trading, vêm ganhando espaço tanto entre investidores institucionais quanto pessoas físicas. E o mais impactante: essas máquinas já tomam decisões de compra e venda de ações, moedas e até criptoativos sem interferência humana direta.
Segundo estudo da Bloomberg Intelligence, até 2026, mais de 15% de todas as negociações globais em bolsa serão feitas exclusivamente por algoritmos baseados em IA. No Brasil, gestoras como a Giant Steps e fintechs como a Magnetis já aplicam modelos matemáticos para otimizar carteiras, identificar padrões ocultos no mercado e reagir a eventos em tempo real.
A principal promessa é a objetividade. Diferente de humanos, algoritmos não se deixam levar por emoções como medo ou ganância. “Um sistema bem calibrado analisa milhares de variáveis simultaneamente, ajusta posições em milissegundos e evita decisões impulsivas”, explica Marcelo Kayath, ex-executivo do Credit Suisse, em entrevista ao Valor Investe.
Mas nem tudo são flores. A IA também pode amplificar movimentos de manada ou reagir mal a dados inesperados. Um exemplo foi o flash crash de 2010 nos EUA, quando algoritmos venderam em massa após um ruído no mercado, derrubando o índice Dow Jones em quase mil pontos em minutos. Desde então, reguladores como a SEC criaram circuit breakers automáticos para evitar novas catástrofes.
No universo cripto, o uso de IA é ainda mais acelerado. Plataformas como a Numerai e a dHEDGE utilizam modelos de aprendizado de máquina para gerenciar fundos descentralizados, em que qualquer pessoa pode participar fornecendo algoritmos ou capital. E mais: no Brasil, corretoras como Mercado Bitcoin e Foxbit já oferecem ferramentas de IA para análise gráfica e recomendações de trading para o varejo.
A tendência é clara: quem dominar a tecnologia terá vantagem competitiva. Mas isso exige responsabilidade, transparência nos modelos e cuidado com vieses. Afinal, até os algoritmos aprendem — e podem reproduzir distorções se forem treinados com dados enviesados.
Seja para proteger seu patrimônio ou surfar na próxima onda de inovação, entender como a inteligência artificial já opera no mercado financeiro deixou de ser um luxo. É uma habilidade essencial no novo mundo dos investimentos.