Índice sobe 0,18% e tem menor variação para o mês desde 2022; energia e alimentos ajudam na desaceleração
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O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do país, subiu 0,18% em outubro, de acordo com o IBGE. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetavam uma alta de cerca de 0,24%, e representa a menor variação para o mês desde 2022. No acumulado em 12 meses, o índice ficou em 4,94%, também inferior aos 5,19% registrados anteriormente.
Segundo o instituto, o movimento de desaceleração foi influenciado pela queda dos preços de energia elétrica e alimentos, com destaque para o fim do bônus de Itaipu e a mudança da bandeira tarifária. A inflação de alimentos e bebidas caiu pelo quinto mês consecutivo, com recuos em itens essenciais da cesta básica.
De acordo com Pablo Spyer, conselheiro da ANCORD, o resultado reforça o alívio esperado pelos analistas. Ele afirma que “a prévia da inflação de outubro confirmou o movimento de desaceleração esperado pelo mercado. O resultado veio abaixo do previsto e é o mais baixo para o mês desde 2022, refletindo um alívio importante nos preços de energia elétrica e alimentos”. Para Spyer, ainda há pontos de atenção: “serviços e passagens aéreas voltaram a pressionar, mostrando que ainda há componentes voláteis que exigem cuidado”.
Analistas enxergam moderação consistente
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destacou que o número foi positivo e melhor do que o esperado. Segundo ele, “o IPCA-15 de outubro, com uma alta de 0,18% em relação a 0,48% de setembro, ficou abaixo das expectativas de 0,24%. Em 12 meses, o índice está em 4,94%, também abaixo do esperado”.
Gala explicou que o resultado mostra um quadro de deflação nos bens industriais e menor disseminação de aumentos de preços. “A gente tem difusão em queda, média de núcleos boa e índice cheio também bom. Há deflação de preços industriais e alguma pressão em serviços, mas alimentos cedendo. Acho que estamos caminhando para um final de ano bom de inflação”, disse o economista, lembrando que os meses de novembro e dezembro costumam ser mais desafiadores.
Impacto no consumo e possível espaço para corte de juros
Para Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS, o IPCA-15 de outubro é um sinal de que a inflação está convergindo para o centro da meta. Ele ressaltou que “tanto no comparativo mensal quanto no anual, o resultado é bastante positivo e mostra uma tendência de desaceleração firme”.
Queiroz observou que a queda de preços em produtos de consumo básico tem ajudado as famílias de menor renda. Ele explicou que “a alimentação em domicílio contribui fortemente para esse processo, com reduções em itens como arroz, leite, ovos e cebola. Está mais barato encher o carrinho do supermercado”.
O economista também acredita que o cenário abre espaço para redução da taxa de juros. “Os dados de inflação corroboram o entendimento de que o Banco Central já poderia reduzir a taxa básica sem prejudicar o controle inflacionário e sem travar a economia”, disse.
Serviços e renda continuam no radar
Apesar do alívio, alguns sinais de pressão permanecem. A economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, avalia que o dado é qualitativamente positivo, mas ainda não altera o panorama de cautela do Banco Central. Ela afirmou que “o número foi melhor que o esperado, com serviços subjacentes e bens industriais abaixo das previsões, mas ainda há aceleração em itens como aluguel e empregada doméstica”.
Victal ponderou que esses segmentos podem reacender pressões inflacionárias. “O resultado apoia a continuidade das revisões baixistas nas expectativas, mas não traz confiança adicional no processo de desinflação. Por isso, não deve mudar o plano de voo do Banco Central, que segue com juros em patamar contracionista por tempo prolongado.”
