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O IPCA-15, prévia da inflação oficial medida pelo IBGE, subiu 0,20% em novembro, ligeiramente acima do que projetavam os analistas, que esperavam avanço de 0,18%. Mesmo assim, o índice continua mostrando um cenário de desinflação gradual. No ano, a alta acumulada é de 4,15%, e nos últimos 12 meses, de 4,50%, ritmo menor do que os 4,94% registrados anteriormente.
A alta deste mês foi puxada principalmente pelo comportamento dos serviços, das passagens aéreas e do setor de despesas pessoais, enquanto alguns alimentos e combustíveis colaboraram para conter a pressão.
Afinal, por que o IPCA-15 subiu mais que o previsto?
A resposta está no avanço dos serviços, que continuam sendo o componente mais pressionado da inflação. O grupo apresentou alta acima das estimativas e foi amplamente influenciado por itens voláteis, como passagens aéreas, que dispararam 11,87%, exercendo o maior impacto individual do mês.
Além disso, despesas pessoais avançaram 0,85%, impulsionadas por hospedagem e pacotes turísticos, enquanto saúde e cuidados pessoais subiram 0,29%, puxados sobretudo por plano de saúde.
Como cada grupo de preços se comportou em novembro?
O IBGE avaliou nove grupos — e sete deles registraram alta. Veja os principais destaques:
- Despesas pessoais: 0,85%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,29%
- Transportes: 0,22%
- Vestuário: 0,19%
- Alimentação e bebidas: 0,09%
- Habitação: 0,09%
- Educação: 0,05%
- Comunicação: -0,19%
- Artigos de residência: -0,20%
O recuo em combustíveis (-0,46%) ajudou a aliviar o índice, com quedas no etanol, gasolina e diesel. No entanto, o gás veicular ainda teve alta leve de 0,20%.
E os alimentos? Voltaram a subir, mas de forma moderada
Depois de cinco meses de queda, o grupo Alimentação e bebidas voltou ao campo positivo. Mas a alta de 0,09% veio com contrastes:
- Quedas fortes em alimentos consumidos em casa: leite longa vida (-3,29%), arroz (-3,10%) e frutas (-1,60%)
- Altas relevantes em batata inglesa (11,47%), óleo de soja (4,29%) e carnes (0,68%)
A alimentação fora do domicílio acelerou e subiu 0,68%, influenciada por refeições e lanches.
Habitação desacelera e energia elétrica segue no negativo
O grupo Habitação subiu 0,09%, menos que no mês anterior. O destaque foi a queda menor na energia elétrica, que passou de -1,09% para -0,38%, mesmo com bandeira tarifária vermelha patamar 1 em vigor. Condomínio e aluguel residencial ficaram entre as maiores pressões do grupo.
O que dizem os economistas?
Para especialistas, o IPCA-15 veio um pouco acima do esperado, mas ainda dentro de um cenário de desinflação progressiva. A pressão maior recai sobre serviços, um item sensível para a política monetária.
Carlos Thadeu, da BGC Liquidez, destaca que parte da diferença entre o resultado e as projeções veio da forte alta em passagens aéreas e alimentação fora de casa. Mesmo assim, ele vê estabilidade no quadro geral, já que itens industriais seguiram surpreendendo para baixo.
Lucas Barbosa, da AZ Quest, reforça que o índice segue dentro da banda da meta e que o processo de desaceleração continua, apesar da resistência dos serviços. Ele lembra que eventos locais, como a realização da COP em Belém, impulsionaram preços de hospedagem e alimentação na região.
E a interpretação da SulAmérica Investimentos traz outro ponto importante. Segundo a economista Mariana Rodrigues, a alta acima do esperado foi amplamente influenciada por passagens aéreas, mas há sinais positivos por outros lados:
“A surpresa altista do headline foi puxada principalmente pela forte pressão das passagens aéreas. Em serviços subjacentes, destaque para a continuidade do recuo de seguro voluntário de veículo, mas continuamos a nos preocupar com a aceleração dos intensivos em mão de obra — o que vem confirmando o case da casa de aceleração em serviços nesse final de ano. Por outro lado, os preços dos alimentos seguem surpreendendo positivamente para baixo, ajudando no headline.
Em industriais, o dado superou as expectativas da SulAmérica Investimentos e, de forma ainda mais expressiva, a mediana do mercado. Embora a antecipação da Black Friday tenha impulsionado parte desse desempenho, acreditamos que mesmo expurgando este efeito, o grupo tem mostrado um comportamento benigno, indicando vetores de continuidade para essa melhora.”
Conclusão
O IPCA-15 de novembro trouxe um alívio parcial, mas reforçou a preocupação com o comportamento dos serviços, especialmente passagens aéreas e alimentação fora de casa. Com a inflação anualizada recuando, o cenário segue de desinflação — porém com pontos de atenção que podem influenciar a política monetária daqui para frente.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O IPCA-15 é a inflação oficial do Brasil?
Não. Ele é uma prévia do IPCA, mas serve como indicação de tendência.
Por que passagens aéreas pesaram tanto no índice?
Por causa da alta de 11,87%, reflexo de demanda forte e sazonalidade do período.
Os alimentos vão continuar subindo?
Por enquanto, o comportamento é misto: alguns itens caem, outros sobem. A tendência recente é de alívio no geral.
O resultado veio muito acima do esperado?
Foi apenas um pouco acima: 0,20% contra 0,18% projetado.
Como o IPCA-15 impacta juros?
Se a inflação mostra resistência, o mercado reavalia cortes futuros de juros, afetando as curvas futuras.
O que mais ajudou a segurar o índice?
A queda nos combustíveis e recuos em itens importantes da cesta alimentar.









