Dados do IBGE revelam desigualdade salarial e desafios para o mercado de trabalho
Mais de 35,3% dos trabalhadores brasileiros ganham até um salário mínimo. O dado é parte do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo IBGE. A informação consta em reportagem do G1.
Renda é concentrada e desigual por gênero, raça e região
O relatório mostra que, além desse terço da população, apenas 7,6% dos trabalhadores recebiam mais de cinco salários mínimos. A renda mais comum estava entre um e dois salários mínimos, ocupada por 32,7% dos ocupados.
No recorte regional, Norte e Nordeste têm os menores rendimentos médios: cerca de R$ 2.238 e R$ 2.015, respectivamente, abaixo da média nacional, estipulada em R$ 2.851. Já no Sudeste, Sul e Centro-Oeste, as médias rurais e urbanas variam, mas tendem a superar esse patamar.
Gênero e cor/raça mostram abismos persistentes
Na divisão por gênero, homens alcançaram rendimento médio de R$ 3.115, enquanto mulheres ficaram em torno de R$ 2.506. Tal diferença aponta um fosso de 24,3% entre os sexos, conforme o Censo.
No quesito raça: pessoas brancas e amarelas obtiveram rendimentos médios significativamente maiores, enquanto pretos (R$ 2.061), pardos (R$ 2.186) e indígenas (R$ 1.683) ficaram abaixo do patamar geral. Essa disparidade ressalta a urgência de políticas públicas que reduzam desigualdades estruturais.
Trabalho informal e vulnerabilidade econômica
Parte significativa dessas pessoas com rendimento baixo está no trabalho informal, sem contratos formais ou benefícios. Para muitos, o piso salarial não cobre despesas essenciais como habitação, transporte e alimentação.
Assim, o sistema de proteção social, através de programas como Bolsa Família, Auxílio Brasil e benefícios regionais, assume papel central na manutenção da dignidade de milhões de brasileiros.
Riscos para consumo e crescimento econômico
Quando um terço da força de trabalho recebe tão pouco, o consumo tende a ficar restrito. Isso reduz a demanda por bens e serviços, o que pode travar investimentos e crescimento econômico.
Empresas de varejo, alimentação e utilidades domésticas sentem esse efeito mais rápido, especialmente em regiões com menor dinamismo econômico.
Caminhos para redução da desigualdade salarial
- Valorização do salário mínimo real, com ajustes acima da inflação, pode ampliar renda base.
- Inclusão produtiva: programas que qualifiquem trabalhadores e os incluam em setores mais bem remunerados.
- Regularização do mercado informal, oferecendo incentivos para formalização.
- Políticas afirmativas para gênero e raça, com metas concretas para reduzir o fosso salarial.
- Fortalecimento de programas sociais que complementem renda e incentivem a transição para empregos melhores.
Em síntese, o dado do IBGE mostra que o Brasil ainda convive com uma massa salarial extremamente fragilizada. A superação disso requer ação conjunta entre governo, iniciativa privada e sociedade civil.