O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), elevou o tom e decidiu anular a votação da Câmara dos Deputados que havia mantido o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Em voto apresentado nesta sexta-feira, Moraes reafirmou a cassação do mandato e determinou que o presidente da Câmara, Hugo Motta, dê posse ao suplente em até 48 horas.
A decisão foi levada ao plenário virtual da Primeira Turma do STF e acirra ainda mais a tensão entre Judiciário e Legislativo, em um momento de forte desgaste institucional. Para Moraes, a Câmara extrapolou suas atribuições e violou frontalmente a Constituição ao tentar reverter uma condenação criminal definitiva.
Nos bastidores de Brasília, o episódio é visto como mais um capítulo da disputa de poder entre os dois Poderes, com potencial de gerar novos embates políticos e jurídicos.
Por que Moraes anulou a decisão da Câmara?
Na avaliação do ministro, a votação que salvou o mandato de Zambelli é nula e inconstitucional. Moraes afirmou que a Câmara não tem competência para deliberar sobre a perda de mandato de um parlamentar condenado criminalmente com trânsito em julgado.
Segundo ele, cabe ao STF determinar a cassação, enquanto à Mesa da Câmara resta apenas cumprir a decisão, formalizando a perda do mandato por meio de um ato administrativo. Ao submeter o caso ao plenário, o presidente da Casa teria cometido desvio de finalidade.
O que diz a Constituição nesse caso?
Moraes citou diretamente o artigo 55 da Constituição Federal, que estabelece que, em caso de condenação criminal definitiva, o mandato parlamentar é automaticamente perdido por decisão judicial. A Câmara, nesse cenário, não vota, apenas declara a vacância.
Para o ministro, a tentativa de submeter o caso ao plenário violou princípios como legalidade, moralidade e impessoalidade, pilares da administração pública.
Quem compõe o julgamento no STF?
O caso está sendo analisado pela Primeira Turma do STF, formada por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O julgamento ocorre em ambiente virtual, sem debates presenciais, e tem prazo para conclusão ainda nesta sexta-feira.
A tendência, segundo fontes do meio jurídico, é de que o voto de Moraes encontre respaldo entre os demais ministros.
Por que Carla Zambelli foi condenada?
A deputada foi condenada pelo STF por ordenar a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em um caso que ganhou repercussão nacional. Após a condenação, ela deixou o Brasil e foi presa na Itália, onde aguarda os desdobramentos do processo.
Mesmo com a condenação definitiva, aliados articularam na Câmara para tentar manter seu mandato, movimento agora derrubado pelo STF.
Reação política esquenta o clima em Brasília
A decisão de Moraes provocou reação imediata de aliados de Zambelli. Parlamentares do PL usaram as redes sociais para atacar o ministro, acusando-o de abuso de poder e autoritarismo. O episódio aprofunda a crise entre setores do Congresso e o Judiciário.
Analistas avaliam que o caso pode servir de precedente importante para outras situações envolvendo parlamentares condenados, limitando tentativas futuras de blindagem política no Legislativo.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Por que o STF cassou o mandato de Zambelli?
Porque houve condenação criminal definitiva, o que, pela Constituição, leva à perda automática do mandato.
A Câmara pode votar para manter o mandato?
Não, segundo o STF. Cabe apenas cumprir a decisão judicial.
O que Moraes determinou além da cassação?
Que o presidente da Câmara dê posse ao suplente em até 48 horas.
Onde ocorre o julgamento?
No plenário virtual da Primeira Turma do STF.
Zambelli está presa?
Sim, ela foi presa na Itália após deixar o Brasil.
Esse caso aumenta a tensão entre os Poderes?
Sim. O episódio intensificou o conflito entre Legislativo e Judiciário.









