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sexta-feira, novembro 14, 2025
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Novembro sinaliza novos recordes 

O mês de outubro apresentou variação positiva nos principais mercados, em um ambiente caracterizado pela combinação entre o corte de juros nos Estados Unidos e a permanência das incertezas fiscais no Brasil. A trajetória dos ativos refletiu a interação entre fatores externos e domésticos, com dados econômicos heterogêneos e políticas monetárias ainda restritivas nas principais economias.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve reduziu a meta dos Fed Funds em 25 pontos-base, para o intervalo de 3,75% a 4,00%, em decisão de 29 de outubro. O comunicado indicou que as próximas deliberações dependerão da evolução da inflação e do mercado de trabalho. O corte foi descrito pelo Comitê como uma medida de calibração, sem sinalização de início de um ciclo de afrouxamento monetário. As curvas de juros reagiram com leve elevação, e as probabilidades de novo corte em dezembro diminuíram.

O período foi marcado também por negociações diplomáticas entre Estados Unidos e China, que resultaram na manutenção de parte das tarifas sobre produtos industriais, com possibilidade de revisões graduais. A medida reduziu a percepção de escalada tarifária. No campo bilateral, o encontro entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva representou um gesto de reaproximação diplomática entre os dois países, mas sem anúncios ou medidas concretas até o momento.

Panorama dos Mercados

Tickerjan/25fev/25mar/25abr/25mai/25jun/25jul/25ago/25set/25out/25No anoFechamento
DJIA4,70%-1,58%-4,20%-3,17%3,94%4,32%0,08%3,2%1,9%2,5%10,4%46987
NASDAQ1,64%-3,97%-8,21%0,85%9,56%6,57%3,70%1,6%5,6%4,7%19,1%23005
S&P 5002,70%-1,42%-5,75%-0,76%6,15%4,96%2,17%1,9%3,5%2,3%14,4%6729
Fonte: Plataforma DataBay

No mercado acionário americano, as maiores empresas de tecnologia divulgaram resultados trimestrais com lucros acima das estimativas, o que contribuiu para o desempenho dos índices no mês. O Dow Jones encerrou outubro com alta de 2,5%(+10,4% no ano), o S&P 500 subiu 2,3% (+14,4%) e o Nasdaq4,7% (+19,1%).

Na Europa, o Banco Central Europeu manteve a taxa de referência inalterada em 30 de outubro. A inflação da área do euro atingiu 2,1%, próxima à meta. O bloco segue com crescimento limitado e sujeito aos efeitos das sanções energéticas à Rússia. 

Na China, os indicadores industriais permaneceram em zona de contração pelo sétimo mês consecutivo, e o setor imobiliário continua em processo de reestruturação financeira. Esses fatores mantêm a incerteza sobre a trajetória de crescimento global.

Mercado brasileiro

Tickerjan/25fev/25mar/25abr/25mai/25jun/25jul/25ago/25set/25out/25No anoFechamento
IBOV4,86%-2,64%6,08%3,69%1,45%1,33%-4,17%6,28%3,40%2,26%28,08%      154.064 
IBXX4,92%-2,68%5,94%3,33%1,70%1,37%-4,18%6,23%3,47%2,10%27,71%        65.089 
IBXL4,82%-2,79%5,96%2,55%1,26%1,46%-3,93%6,15%3,44%2,11%26,41%        25.801 
IDIV3,50%-2,78%5,52%3,88%1,31%1,76%-2,97%5,36%2,82%1,78%24,48%        10.999 
BDRX-4,23%-2,80%-9,44%0,21%7,94%1,55%6,15%-0,63%3,96%5,90%3,42%        24.666 
SMLL6,11%-3,87%6,73%8,47%5,94%1,04%-6,36%5,86%1,58%0,43%28,53%          2.112 
IFIX-3,07%3,34%6,14%3,01%1,44%0,63%-1,36%1,16%3,25%0,12%15,41%          3.597 
IFNC10,83%-3,11%9,08%9,27%1,56%1,52%-7,91%8,26%4,23%0,18%41,69%        16.762 
ICON1,87%-5,51%12,27%12,67%2,37%-1,78%-8,83%8,29%1,49%0,45%26,81%          3.084 
Fonte: Plataforma DataBay

No Brasil, o comportamento dos ativos refletiu tanto o cenário externo quanto as condições internas. O Ibovespa encerrou outubro em 149.540 pontos, com variação de 2,26% no mês e 28,08% no acumulado de 2025 até o presente momento. O IFNCregistrou 0,18% (+41,69% no ano), seguido pelo SMLL (+0,43%+28,53% no ano) e pelo ICON (+0,45%+26,81%). O BDRX, que acompanha os BDRs de empresas estrangeiras, apresentou alta de 5,90% (+3,42% no ano). O IFIX teve estabilidade, com 0,12% em outubro e 15,41% no acumulado.

A curva de juros doméstica manteve estabilidade nos vértices curtos e redução discreta nos médios e longos, entre 15 e 25 pontos-base. O Banco Central reiterou, em seu comunicado de 5 de novembro, que o atual patamar dos juros é compatível com o objetivo de convergência da inflação à meta. As projeções para 2025 e 2026 permanecem acima do centro da meta, e a autoridade monetária considera adequada a manutenção de política contracionista por período prolongado.

O quadro fiscal de 2025 continua marcado por desequilíbrio estrutural e pela limitação do espaço orçamentário. Segundo dados do Tesouro Nacional, o Governo Central registrou déficit primário de R$ 14,5 bilhões em setembro, acumulando saldo negativo de R$ 100,4 bilhões nos nove primeiros meses do ano. A receita líquida apresentou crescimento real de 3,5%, impulsionado por ganhos em Imposto de Renda, IOF e arrecadação previdenciária, enquanto as despesas avançaram 2,8% em igual período, refletindo o aumento de benefícios previdenciários, assistenciais e da folha de pessoal. O resultado indica que o esforço de controle de gastos tem se concentrado em despesas discricionárias, sem alteração significativa na dinâmica dos gastos obrigatórios.

De acordo com o IPEA, o déficit primário consolidado do setor público permanece em torno de 1% do PIB, e a dívida bruta estabilizou-se em patamar próximo a 77% do PIB, mas com tendência de elevação gradual. O comportamento das contas públicas evidência que o equilíbrio fiscal segue dependente de receitas extraordinárias e de medidas pontuais de recomposição tributária, enquanto a consolidação de médio prazo depende do avanço de propostas ainda em tramitação. A incerteza em torno da execução orçamentária e da revisão das metas fiscais reforça a percepção de que a política fiscal continua sendo um dos principais elementos de cautela na avaliação de risco doméstico.

Em perspectiva, a evolução dos mercados brasileiros continuará condicionada à capacidade do país em promover ajustes estruturais de caráter fiscal. A sustentabilidade das contas públicas e a previsibilidade das regras de gasto permanecem como variáveis centrais para o comportamento dos ativos domésticos. Sem avanços concretos nessa frente, tende a prevalecer um ambiente de aversão a risco e pressão vendedora, independentemente do cenário eleitoral de 2026. A consistência do ajuste fiscal — mais do que o resultado pontual de arrecadação — será o fator determinante para a redução do prêmio de risco e para a retomada de um ciclo de valorização sustentável no médio prazo.

*Colaboraram no artigo Guilherme Carter, que é economista e especialista em finanças, com carreira dedicada à análise de mercados e inovação em investimentos. Mestre pela FGV-EESP, é professor de Finanças na FGV e coordenador dos programas de Finanças da FBNF. Também é Managing Director da DataBay, fintech de inteligência de dados para o mercado de capitais, e presença constante em debates na mídia sobre economia, renda fixa e investimentos.

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