A crise do mercado imobiliário e o custo elevado de moradias tradicionais estão acelerando mudanças no jeito de morar no Brasil.
Uma pesquisa da QuintoAndar, em parceria com a Ipsos‑Ipec, revela que brasileiros de diferentes classes sociais já consideram morar em microapartamentos, imóveis por assinatura, “cohousing/coliving” ou repúblicas — formas de moradia que priorizam economia e praticidade.
Mas, embora haja interesse, a privacidade aparece como barreira para muitos. Entender quem adere a esses modelos e por que pode ajudar quem busca alternativas viáveis para morar em grandes cidades.
Por que a mudança de endereço: custo e praticidade
O cenário atual do mercado imobiliário pressiona quem busca moradia — especialmente nas grandes capitais. Com o valor do metro quadrado e do aluguel nas alturas, muitos não conseguem conciliar preço com localização.
Nesse contexto, os microapartamentos — imóveis compactos, com até cerca de 37 m² (às vezes chamados de “tiny houses”) — surgem como alternativa acessível e funcional. A QuintoAndar apontou que 69% dos entrevistados se imaginam ou cogitam morar em uma tiny house.
O principal motor dessa aceitação? A chance de reduzir o custo de vida (36%) e adotar um estilo de vida mais simples e econômico (34%).
Outras opções: imóvel por assinatura, coliving/cohousing e repúblicas
Além dos microapartamentos, a pesquisa indica que outros modelos de moradia vêm sendo considerados:
- Imóvel por assinatura (flex living): aluguel por dias, semanas ou meses, com imóveis mobiliados e sem burocracia de contratos longos. Cerca de 60% dos entrevistados disseram que morariam ou considerariam morar nesse formato.
- Cohousing e coliving: moradias em comunidades onde casas ou quartos são individuais, mas áreas comuns — como cozinha, sala, lavanderia — são compartilhadas. Esse formato atrai quem busca convivência, colaboração e, às vezes, economia.
- Repúblicas modernas: com quartos individuais ou compartilhados, combinando privacidade limitada com economia de aluguel e compartilhamento de despesas.
Para os adeptos desses modelos, os atrativos vão de economia de custo e praticidade até convívio social e flexibilidade. Entre os motivos mais citados estão: reduzir despesas, ter acesso a serviços comuns e até buscar um estilo de vida mais comunitário.
Por que muita gente ainda desconfia: privacidade e adaptação
Apesar do interesse, há barreiras fortes à adoção desses modelos. No estudo:
- 84% dos que rejeitam microapartamentos disseram que “precisam de mais espaço” e não se adaptariam ao imóvel pequeno.
- Para coliving/cohousing, o motivo mais citado de recusa foi falta de privacidade — mais de 80% apontaram esse problema.
- No caso de imóveis por assinatura, 47% dos que rejeitaram a ideia disseram que o problema era “desconforto com as regras” e 37% afirmaram precisar de mais espaço ou não conseguiram se adaptar.
Ou seja: embora o preço e a praticidade atraiam, a vida em espaços reduzidos ou compartilhados exige sacrifícios — especialmente de privacidade e conforto.
Quem tem mais chance de adotar esses modelos?
Segundo a pesquisa, os potenciais adotantes vêm principalmente de classes A, B e C, e vivem majoritariamente em centros urbanos e capitais.
Também tendem a ser pessoas que priorizam mobilidade, economia, localização conveniente e disponibilidade para abrir mão de espaço por comodidade.
Para especialistas, à medida que aluguéis e imóveis fiquem mais caros e o estilo de vida urbano se intensifique, esses modelos podem ganhar cada vez mais força — especialmente entre jovens, profissionais solteiros, estudantes e quem busca morar perto do trabalho ou transporte.
O que vem pela frente: tendência ou moda passageira?
A adoção de microapartamentos e moradias alternativas aparenta mais do que uma moda — parece uma adaptação aos desafios do mercado imobiliário e à nova dinâmica urbana.
Com crescimento da busca por flexibilidade, economia e conveniência, esses formatos têm chances reais de se consolidar nas grandes cidades. No entanto, sua popularização depende de uma adequação cultural: nem todo mundo topa abrir mão de espaço e privacidade.
Além disso, a tendência pode estimular o desenvolvimento de novos projetos de habitação — com espaços otimizados, móveis planejados, serviços compartilhados, redes de convívio e até moradias modulares. Isso pode transformar a forma como moramos nas próximas décadas.
Conclusão: repensar o lar — economia, praticidade e escolhas
Os novos modelos de moradia — microapartamentos, imóvel por assinatura, coliving e repúblicas — representam um ajuste da sociedade às pressões de custo de vida e à busca por mobilidade e praticidade.
Para quem vive em grandes centros, principalmente jovens e profissionais com orçamento apertado, essas opções podem representar uma saída viável e inteligente. Mas é essencial pesar os prós e contras: economia e praticidade vs. espaço e privacidade.
Se você pensa em mudar ou busca alternativas, vale considerar essas opções com atenção. E continue lendo o Brasilvest para entender como o mercado imobiliário e as finanças pessoais se transformam com as novas realidades do Brasil.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é um microapartamento?
Microapartamentos são imóveis pequenos — muitas vezes com até cerca de 37 m² — pensados para otimizar espaço, conforto e custo.
Como funciona “imóvel por assinatura” / flex living?
Nesse modelo, a pessoa aluga um imóvel mobiliado por curto período (dias, semanas ou meses), sem burocracia de contratos longos — ideal para quem busca flexibilidade e praticidade.
Coliving/cohousing e repúblicas são a mesma coisa?
Não exatamente. Coliving/cohousing envolve casas ou unidades privadas com áreas comuns compartilhadas e foco em comunidade. Já repúblicas — lembrando o modelo de moradia estudantil — têm quartos individuais ou compartilhados e convivência mais próxima.
Por que muitas pessoas rejeitam esses modelos?
A principal razão é a falta de espaço e privacidade. Muitas pessoas não se adaptam a morar em imóveis pequenos ou compartilhar áreas comuns.
Quem tende a aceitar mais esse tipo de moradia?
Pessoas jovens, solteiras, profissionais urbanos, com orçamento limitado, ou que valorizam mobilidade, praticidade e localização.
Vale a pena considerar essas moradias em 2025?
Sim. Para quem busca reduzir custos, evitar burocracias, morar perto de trabalho ou transporte, ou viver com menos, esses modelos são alternativas válidas — desde que avalie bem espaço e privacidade.









