10.4 C
Nova Iorque
23.5 C
São Paulo
sexta-feira, novembro 14, 2025
spot_img

Os efeitos macroeconômicos de eventos microeconômicos na economia brasileira

Crises empresariais isoladas podem se transformar em ondas macroeconômicas quando afetam a confiança no mercado, elevam o custo do crédito e reduzem o apetite de investidores internacionais

O mercado de capitais brasileiro ainda é pequeno e pouco desenvolvido em comparação com os principais centros financeiros globais. Para que esse mercado cresça e se fortaleça, é fundamental conquistar credibilidade. Quando investidores confiam no ambiente de negócios, as taxas melhoram, o capital se torna mais acessível e toda a economia se beneficia.

O desafio que enfrentamos hoje é: em que nível de governança estamos para realmente avançar em credibilidade? Não basta apenas apontar problemas; é preciso indicar caminhos concretos para evoluir. O mercado é composto por diversos agentes, cada um buscando seus próprios interesses, e a interação entre eles define o rumo dos acontecimentos.

Um exemplo recente ilustra bem essa dinâmica: a Ambipar, empresa referência em sustentabilidade e integrante de índices ESG da bolsa brasileira. Após um período de queda devido à alta dos juros e à desvalorização das small caps, as ações da Ambipar surpreenderam com uma forte recuperação em 2024. Esse movimento gerou dúvidas e questionamentos, mas seguiu firme, impulsionado por parcerias internacionais e elevação da nota de crédito pela Standard & Poors.

No entanto, a situação mudou drasticamente quando o Deutsche Bank exigiu mais garantias em uma operação de Swap. Apesar de um balanço que mostrava caixa robusto, a empresa se recusou a aportar mais garantias e recorreu à justiça. O caixa desapareceu e, rapidamente, ações e títulos da Ambipar despencaram.

Esse episódio revela a responsabilidade de todos os participantes do mercado: B3, CVM, auditores e agências de rating. Nenhum deles identificou problemas antes da crise. Logo após, títulos da Raízen também sofreram forte queda, com investidores temendo rebaixamento da nota de crédito. O resultado é um ambiente desfavorável para empresas brasileiras acessarem o mercado internacional, com taxas mais altas e investidores mais cautelosos.

Quando o crédito internacional se torna escasso, o impacto chega ao Tesouro Nacional, dificultando a emissão de dívida no exterior. O apetite por ativos brasileiros diminui, o fluxo de capital se reduz, o câmbio se desvaloriza e a taxa de juros tende a permanecer elevada, especialmente em períodos de instabilidade política.

Esses efeitos podem ser revertidos se os reguladores agirem com firmeza, demonstrando que o mercado brasileiro tem regras claras e que todos devem cumpri-las. A punição dos responsáveis, em todas as instâncias, é essencial para restaurar a confiança, como se espera no caso Americanas.

A situação macroeconômica do Brasil é resultado da atuação conjunta de agentes microeconômicos. Para mudar a percepção internacional, é preciso cooperação, seriedade e compromisso com a transparência. O país precisa deixar de lado a propaganda e adotar uma postura de responsabilidade, mudando de rota para conquistar respeito e credibilidade global.

spot_img

Artigos Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique Conectado
20,145FãsCurtir
51,215SeguidoresSeguir
23,456InscritosInscrever
Publicidadespot_img

Veja também

Brasilvest
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.