Sudão do Sul, Líbia e Guiana aparecem entre as economias que mais vão crescer, mas avanço vem de bases frágeis e depende de fatores externos
Um levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que alguns países devem registrar crescimento econômico explosivo em 2025, embora por motivos nem sempre positivos. Segundo projeções citadas pelo Money Times, o Sudão do Sul deve liderar o ranking mundial, com avanço estimado em 24,3%, seguido pela Líbia, com 15,6%, e pela Guiana, com 10,3%. O crescimento, no entanto, reflete principalmente recuperações após crises severas, além da dependência de commodities e contextos geopolíticos instáveis.
Crescimento alto, mas pouco sustentável
Os países que mais devem crescer em 2025 estão longe de representar histórias de sucesso econômico. No caso do Sudão do Sul, o salto de 24,3% no PIB decorre da retomada da produção de petróleo após anos de conflitos internos e retração econômica de quase 30% em 2024. Já a Líbia, segundo o FMI, deve registrar forte alta impulsionada pelas exportações de energia, mas o desempenho continua sujeito à instabilidade política e à dependência total do setor petrolífero. Esse tipo de crescimento, classificado por analistas como “espúrio”, indica recuperação de bases extremamente baixas — e não expansão real da economia.
Guiana: um caso latino de alta volátil
Na América do Sul, a Guiana é destaque por seu ritmo acelerado, com crescimento estimado em 10,3% em 2025. O país, pequeno em território, tornou-se um dos maiores produtores per capita de petróleo do mundo após a entrada em operação de novos campos offshore liderados pela ExxonMobil. Segundo o Money Times, essa expansão, embora notável, pode gerar dependência excessiva do setor energético e fragilizar outros segmentos da economia local, como agricultura e manufatura.
Commodities e vulnerabilidade geopolítica
Entre as dez economias que mais devem crescer estão ainda Quirguistão, Tadjiquistão, Etiópia, Geórgia, Butão e Uzbequistão, todas com projeções entre 6% e 8%. Segundo a análise da Money Times, a maioria desses países compartilha características em comum: forte exposição a commodities, fragilidade institucional e crescimento puxado por investimentos estrangeiros voláteis. Isso significa que qualquer choque de preços ou turbulência política pode interromper o ciclo rapidamente.
Irlanda é a exceção entre as potências desenvolvidas
O único país europeu na lista é a Irlanda, com projeção de 9,1% de expansão. Diferente dos emergentes, o crescimento irlandês decorre da alta produtividade e da forte presença de multinacionais de tecnologia e farmacêuticas. Ainda assim, segundo o FMI, o dado pode estar inflado pelo efeito estatístico das exportações corporativas e não necessariamente reflete o desempenho da economia real doméstica.
Crescimento a qualquer custo pode esconder fragilidade
Os números chamam atenção, mas exigem leitura crítica. Economias que crescem rápido demais costumam enfrentar inflação, desigualdade e risco fiscal elevados. A análise do Money Times reforça que o “crescimento a qualquer custo” pode gerar euforia temporária, mas também acentuar vulnerabilidades estruturais. Para investidores e formuladores de política, o alerta é claro: mais importante do que crescer é saber por que se cresce — e se esse avanço é sustentável no médio prazo.









