Centro-Oeste lidera dependência da produção agrícola e revela desafios de diversificação econômica.
Um levantamento do IBGE mostra que o agronegócio responde por mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) em estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. A força do campo nesses territórios transformou a região em motor do crescimento nacional nas últimas décadas, mas também expôs sua dependência excessiva de commodities agrícolas, especialmente soja, milho e carne bovina.
Segundo reportagem do Valor Econômico, essa concentração tem sido positiva para as contas públicas estaduais, garantindo aumento de arrecadação e permitindo investimentos em infraestrutura. Contudo, especialistas alertam que a exposição a oscilações internacionais de preços e ao clima pode se transformar em vulnerabilidade de longo prazo. A estiagem de 2021, por exemplo, gerou perdas bilionárias e reduziu a arrecadação em Mato Grosso, demonstrando a fragilidade da dependência do campo.
Destino dos produtos
A Reuters lembra que a China se tornou o principal destino das exportações do Centro-Oeste, respondendo por mais de 60% da soja embarcada em alguns estados. Isso torna a economia regional altamente sensível a mudanças na demanda chinesa ou em políticas comerciais globais. Ao mesmo tempo, a concentração nas exportações eleva a pressão sobre infraestrutura logística, já que portos e ferrovias operam no limite.
Além dos riscos externos, há pressões internas. A Bloomberg Línea destacou que a expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste coloca em xeque compromissos ambientais do Brasil, especialmente no uso de áreas de cerrado e floresta amazônica. O desafio é conciliar crescimento econômico com sustentabilidade, sem comprometer a reputação do país no mercado internacional.
No médio prazo, especialistas avaliam que esses estados precisarão diversificar suas bases econômicas, apostando em cadeias de valor ligadas ao agronegócio — como processamento industrial, biocombustíveis e biotecnologia — e em setores de serviços avançados. Sem isso, a dependência das commodities pode limitar a resiliência das economias regionais diante de choques externos.