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quinta-feira, outubro 9, 2025
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Por que a Hershey ($HSY) desafia a lógica das previsões tradicionais

por Danilo Ruas Santiago

No início de 2023, as ações da Hershey eram negociadas perto de US$ 275 — o mesmo patamar em que a posição vendida da RIM foi iniciada (posição que já foi encerrada). Já no primeiro trimestre de 2025, os papéis haviam despencado para menos de US$ 150, escancarando os riscos do excesso de confiança em um negócio aparentemente estável. O alerta ficou evidente no segundo trimestre de 2024, quando a companhia registrou sua maior queda trimestral de vendas em vinte anos: um tombo de −16,7%.

A administração detalhou as causas dessa queda: redução de estoques motivada pelo novo sistema de ERP (cerca de 9 pontos), mudanças de cronograma entre varejistas (cerca de 6–7 pontos), além de retração dos gastos discricionários, migração de canais, cortes em ações promocionais e enfraquecimento da categoria.

Assim como as surpresas nas vendas podem desmontar previsões para uma fabricante de chocolates, as oscilações de custos adicionam outra camada de incerteza. No segundo trimestre de 2025, a margem bruta ajustada da Hershey encolheu 510 pontos-base, pressionada pela disparada dos preços do cacau, custos industriais mais altos e novas tarifas. Esses fatores praticamente anularam os efeitos positivos de aumentos de preço, ganhos de produtividade e economias do programa de transformação. A empresa projeta agora uma erosão anual da margem bruta entre 675 e 700 pontos-base — uma reversão impressionante que poucos analistas previram um ano antes. O gráfico mencionado acima mostra o quanto as projeções de lucro foram rapidamente revisadas para baixo, arrastando consigo as ações da HSY.

A trajetória recente da Hershey serve como um alerta para quem tenta prever o desempenho de qualquer empresa: mesmo negócios considerados “rotineiros” enfrentam um nível de complexidade que escapa ao controle. Um exemplo emblemático é o preço do cacau. As cotações ultrapassaram US$ 12 mil por tonelada no fim de 2024, ante uma média de cerca de US$ 2,5 mil em anos anteriores. A Hershey utiliza derivativos para tentar suavizar a volatilidade das commodities, mas movimentos dessa magnitude — afetando o principal insumo de sua produção — são impossíveis de neutralizar completamente.

Se projetar as vendas e lucros da Hershey, com suas marcas centenárias e sazonalidade previsível, já é um desafio que derruba analistas, imagine o tamanho da incerteza ao prever o desempenho de empresas de tecnologia em rápida evolução. O recado é claro: avance com cautela em territórios novos e desconhecidos.

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