Decisões do banco central americano impactam o dólar, a inflação e até os juros do seu cartão de crédito.
Pode parecer distante, mas quando o Federal Reserve — o banco central dos Estados Unidos — decide subir ou manter os juros, o reflexo pode ser sentido até no preço da gasolina e no valor das parcelas do seu financiamento. Isso acontece porque os EUA estão no centro do sistema financeiro global, e suas decisões impactam diretamente o fluxo de capital, o câmbio e o apetite por risco em países emergentes, como o Brasil.
Quando o Fed aumenta os juros, ele atrai investidores de todo o mundo, que veem nos títulos americanos uma alternativa segura e rentável. Isso gera uma migração de recursos que pressiona o dólar para cima nos demais países. No Brasil, o real se desvaloriza, encarecendo importações, pressionando a inflação e dificultando o trabalho do Banco Central.
“O Brasil não é uma ilha. Qualquer mudança na política monetária americana afeta nossa balança comercial, o custo da dívida e as decisões de investimento”, afirmou à Bloomberg o economista José Júlio Senna, do FGV IBRE. Ele destaca que, diante de um Fed mais agressivo, países como o Brasil precisam manter juros mais altos para evitar fuga de capital.
Isso também afeta o dia a dia do consumidor. Um dólar mais caro significa produtos importados mais caros — de componentes eletrônicos a medicamentos e combustíveis. A Petrobras, por exemplo, utiliza a cotação internacional do petróleo (em dólar) para definir os preços nas refinarias. Ou seja, o valor do galão nos EUA influencia diretamente o valor do litro no posto brasileiro.
Além disso, grandes empresas brasileiras que possuem dívidas ou contratos dolarizados sofrem com o encarecimento do crédito. Isso pode impactar suas margens de lucro, reduzir contratações e até afetar o desempenho das ações na B3.
Segundo o Valor Econômico, o mercado projeta que o Fed mantenha os juros elevados por mais tempo do que o previsto inicialmente, o que aumenta a incerteza para países emergentes e complica o cenário para cortes na taxa Selic. Ou seja, a vida do consumidor brasileiro fica mais difícil — tudo por uma decisão que aconteceu a milhares de quilômetros de distância.
Entender a política do Fed se tornou essencial até mesmo para quem nunca investiu. É acompanhar o mundo para entender o impacto em casa.