O governo realiza nesta quinta-feira (4) um dos leilões mais aguardados do ano: a venda de participações em três áreas do pré-sal onde a Petrobras (PETR4) já opera e conhece profundamente o potencial produtivo.
A disputa envolve fatias hoje pertencentes à União, representada pela PPSA — e coloca a estatal diante de uma decisão estratégica sobre alocação de capital em meio a um cenário global desafiador para o petróleo.
O que está em jogo no leilão?
Três participações em campos já em produção:
- 3,5% em Mero
- 0,551% em Tupi
- 0,950% em Atapu
Todas são áreas do pré-sal com alto nível de produtividade, reservas robustas e risco operacional muito baixo — já que a Petrobras é operadora e domina a tecnologia necessária.
O valor mínimo total do leilão é de R$ 10,2 bilhões.
Como o mercado está reagindo?
No pregão desta quarta (3), por volta das 10h17:
- PETR4 subia 0,41%, a R$ 32,20
- PETR3 avançava 0,41%, a R$ 33,91
A movimentação é discreta, mas mostra confiança moderada do mercado, que ainda avalia o impacto financeiro do potencial desembolso.
JPMorgan vê oportunidade — mas com cautela
O JPMorgan considera o preço mínimo justo, especialmente com o petróleo Brent projetado a US$ 55.
O banco destaca:
- A operação tem risco muito baixo, já que a Petrobras conhece profundamente os três ativos.
- Apesar do cenário de preço do petróleo em queda e preocupação com gastos no curto prazo, o banco vê a alocação como neutra, desde que a Petrobras não pague muito acima do mínimo.
A participação de parceiros do consórcio seria considerada positiva, dividindo o custo e reduzindo a pressão sobre o caixa da estatal.
O JPMorgan segue com recomendação overweight (equivalente a compra) para PETR3 e PETR4, e mantém preços-alvo de:
- R$ 47,50 para ordinárias
- R$ 45,00 para preferenciais
Como funcionará o leilão?
O processo envolve a venda de direitos e obrigações federais.
A PPSA detém essas participações por meio de Acordos de Individualização da Produção (AIPs), e vai leiloá-las para que empresas assumam a fatia da União nos campos.
Vence quem oferecer o maior valor, mas há obrigações adicionais:
Pagamentos contingentes
- O comprador pagará mais se o preço médio anual do Brent superar US$ 55 por barril.
- Também haverá pagamento adicional em caso de redeterminação, quando a revisão técnica resultar em aumento da participação contratual.
Ou seja: o investimento pode crescer ao longo do tempo conforme as condições de mercado.
O que a Petrobras tem a ganhar?
- Maior participação em áreas altamente rentáveis
- Aumento de produção em ativos já dominados tecnicamente
- Baixo risco operacional
- Maior controle estratégico sobre o pré-sal
Mas também há ponto de atenção: a empresa vive uma fase de foco em preservação de caixa, o que torna qualquer desembolso relevante motivo de debate.
Conclusão
O leilão desta quinta é mais do que uma simples disputa por áreas produtivas: é um teste estratégico para a Petrobras, que terá que equilibrar retorno de longo prazo e disciplina financeira.
Se conduzir bem sua proposta — especialmente sem ultrapassar demasiado o valor mínimo — a estatal pode reforçar sua posição no pré-sal com risco limitado.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Quais áreas do pré-sal serão leiloadas?
Serão ofertadas participações em Mero, Tupi e Atapu, onde a Petrobras é operadora.
Qual o valor mínimo do leilão?
O total mínimo é de R$ 10,2 bilhões.
A Petrobras deve participar?
Analistas veem a compra como positiva se a estatal pagar próximo ao mínimo.
O petróleo pode afetar o preço final?
Sim. Se o Brent ultrapassar US$ 55, o comprador deve pagar valores adicionais.
Quem organiza o leilão?
A PPSA, estatal que representa a União nos contratos do pré-sal.
O JPMorgan recomenda compra de PETR3 e PETR4?
Sim. O banco mantém recomendação overweight para ambas as ações.









