A recente onda de normas aprovadas para ativos virtuais no Brasil pode dar início a um novo ciclo de expansão do mercado de criptomoedas. Segundo o levantamento “Criptoeconomia no Brasil 2025”, realizado por ABcripto com PwC Brasil, a regulação era o principal entrave para 90% das empresas do setor — e agora, com regras claras, o caminho para crescimento ganha força.
O estudo revela que a grande maioria das empresas vê criptomoedas, blockchain e tokenização como pilares estratégicos — com potencial de transformar finanças, serviços e infraestrutura digital no país.
O que mudou: a nova regulação que reestrutura o ecossistema cripto
O marco regulatório aprovado em 2025 inclui várias medidas estruturantes:
- Criação da categoria de prestadoras de serviços de ativos virtuais — as chamadas SPSAVs (corretoras, exchanges, custodiante, etc.) — que agora devem seguir regras de governança, compliance, capital mínimo e segregação Patrimonial.
- Obrigatoriedade de prestação de informações e compliance regulatório, incluindo controles contra lavagem de dinheiro e segurança cibernética.
- Reconhecimento da tokenização e do blockchain como infraestrutura essencial, abrindo espaço para inovação além das criptomoedas — como ativos tokenizados, finanças descentralizadas, e novos produtos financeiros digitais.
Para o mercado, essas mudanças representam a transição de um modelo informal e arriscado para um ambiente estruturado — com segurança jurídica, transparência e possibilidades de crescimento real.
Dados do novo ecossistema: perfil, maturidade e expectativas
O mapeamento das empresas do setor mostra um panorama com os seguintes destaques:
- 73% das empresas declararam ter domínio técnico alto ou profundo sobre criptomoedas e blockchain. Apenas 3% disseram ter pouco ou nenhum conhecimento técnico.
- A tokenização desponta: 74% dominam a tecnologia e 73% veem aplicações concretas para eficiência, automação e captação de recursos.
- O blockchain é visto como infraestrutura central — 83% das empresas já o utilizam e 77% identificam oportunidades de transformação.
- Quanto ao porte do setor: 37% são pequenas empresas, 13% médias, 17% grandes corporações; 53% atuam no ramo financeiro, 23% em tecnologia e o restante em serviços diversos.
- Expectativa de expansão: 57% das empresas estimam crescimento entre 1% e 50% em curto prazo; 23% projetam até 100%, e 17% esperam expansão superior a 100%.
Esse perfil demonstra que o mercado cripto no Brasil já não é amador — muitas empresas já operam com tecnologia madura, visão de negócio e ambição de escala. A regulação surge no momento certo para ordenar e alavancar esse ecossistema.
Benefícios, oportunidades e os desafios ainda pendentes
- Segurança jurídica e transparência, essenciais para atrair investidores institucionais e grande porte. A regulação profissionaliza exchanges e corretoras, reduzindo riscos de fraudes e colapsos.
- Expansão da criptoeconomia além do Bitcoin — com blockchain, tokenização, DeFi, ativos digitais e serviços financeiros inovadores.
- Diversificação da economia digital — fintechs, empresas de tecnologia e novos modelos de negócios podem surgir com base regulada e infraestrutura robusta.
- Maior competitividade global — com regras claras e aderência a padrões internacionais, o Brasil pode se tornar um hub de criptoativos competitivo e confiável.
Desafios e barreiras que permanecem
- Apesar da regulação, a segurança — especialmente em cibersegurança, prevenção de fraudes e capacitação profissional — precisa continuar como prioridade.
- A adaptação das empresas exige investimentos altos em compliance, governança e tecnologia — o que pode exigir tempo e recursos.
- A cultura de adoção ainda depende de informação, confiança e educação do público e reguladores, para evitar riscos de desconfiança ou regulamentações excessivas no futuro.
O que esperar para os próximos anos da criptoeconomia no Brasil?
Se o ritmo atual se mantiver, o Brasil poderá viver uma verdadeira transformação digital financeira até meados da década:
- Crescimento de exchanges e prestadores regulados, com estrutura profissional e compliance robusto — abrindo espaço para atuação institucional e internacional.
- Consolidação de serviços baseados em blockchain: tokenização de ativos, finanças descentralizadas (DeFi), stablecoins, e integração com sistemas de pagamento tradicionais.
- Entrada de capital estrangeiro e institucional — atraído pela estabilidade regulatória e potencial de crescimento do ecossistema.
- Maior diversificação econômica: fintechs, startups e empresas de tecnologia fortalecem o mercado, gerando empregos e inovação.
- Incentivo à educação e consciência sobre cripto, ativos digitais e riscos associados — com normas claras e transparência na atuação.
O Brasil pode se tornar um player relevante no cenário global de criptoeconomia, com competitividade, inovação e segurança regulatória.
Para acompanhar novos capítulos desse embate, é importante ficar atento ao Brasilvest — tanto a decisões judiciais e políticas quanto às reações de empresas e usuários.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Por que a regulação era considerada o maior entrave para empresas de cripto no Brasil?
Porque sem normas claras havia insegurança jurídica, risco de fraudes, falta de governança e imprevisibilidade — fatores que desestimulavam investimentos.
O que muda com a nova regulação aprovada pelo Banco Central?
Cria a categoria de prestadoras de serviços reguladas (SPSAVs), define regras de governança, compliance, segregação patrimonial, capital mínimo e controles de risco — profissionalizando o setor.
A regulação garante que investir em criptomoedas é seguro?
Não elimina todos os riscos — o setor continua volátil. Mas regulações reduzem riscos operacionais, aumentam transparência e aumentam confiança de investidores, o que melhora a segurança institucional.
O que é tokenização e por que ela é importante?
Tokenização é transformar ativos reais (imóveis, créditos, participações) em tokens digitais na blockchain — facilitando liquidez, democratizando acesso e permitindo novas formas de investimento. Muitas empresas veem a tokenização como um vetor de eficiência.
Quanto o mercado cripto pode crescer nos próximos anos no Brasil?
De acordo com o estudo, 57% das empresas esperam crescimento entre 1% e 50%; 23% projetam até 100%; e 17% vislumbram expansão superior a 100%.
Quais riscos ainda preocupam o setor mesmo com regulação?
Cibersegurança, fraudes, falta de profissionais qualificados, risco operacional e necessidade de investimentos altos em compliance e infraestrutura.









