A Rússia voltou a endurecer o discurso sobre a guerra na Ucrânia e deixou claro que não aceita qualquer consulta popular sobre o futuro dos territórios ocupados. Ao mesmo tempo, o Kremlin abriu espaço para a criação de uma zona tampão no leste ucraniano — desde que ela fique sob controle russo, e não de Kiev.
A sinalização ocorre em meio às negociações indiretas por um cessar-fogo, pressionadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tenta costurar um acordo ainda neste fim de ano. Apesar do tom diplomático, Moscou reforça que não pretende ceder em pontos considerados estratégicos.
Nos bastidores, o impasse territorial segue como o principal obstáculo para qualquer avanço real nas conversas de paz.
Rússia rejeita referendo e reforça domínio sobre Donbass
O recado foi dado de forma direta pelo assessor presidencial Iuri Uchakov, que acompanha Vladimir Putin em viagem oficial. Segundo ele, a proposta do presidente ucraniano Volodimir Zelenski de submeter a criação de uma zona tampão a um referendo é inaceitável.
Para o Kremlin, “toda a região do Donbass é russa”, o que inclui as províncias de Lugansk — totalmente ocupada — e Donetsk, onde cerca de 20% do território ainda está sob controle de Kiev. Ambas foram anexadas ilegalmente por Moscou em 2022, junto com Zaporíjia e Kherson, consolidando a ponte terrestre até a Crimeia.
Como funcionaria a zona tampão proposta por Moscou?
Pela primeira vez, autoridades russas admitiram publicamente a criação de uma zona desmilitarizada em áreas hoje controladas pela Ucrânia em Donetsk. No entanto, o modelo defendido por Moscou não prevê neutralidade real.
A ideia seria retirar tropas regulares, mas manter o controle com a Guarda Nacional russa e forças policiais. Na prática, isso significaria uma área sem presença do Exército ucraniano, mas com administração e segurança russas, consolidando a ocupação no terreno.
A Guarda Nacional, criada em 2016 como força de elite ligada diretamente a Putin, conta hoje com cerca de 400 mil homens e ganhou ainda mais poder após absorver armamentos do antigo Grupo Wagner.
Pressão de Trump acelera negociações — mas sem consenso
A proposta de Zelenski surge em meio à forte pressão de Trump, que exige concessões territoriais e neutralidade militar da Ucrânia para viabilizar um cessar-fogo. Apesar disso, russos e ucranianos concordam em um ponto: o processo deve levar mais tempo do que a Casa Branca gostaria.
O Kremlin afirma que ainda não recebeu oficialmente a versão revisada do plano de paz enviada por Zelenski aos EUA. Essa nova proposta tenta responder ao avanço de termos favoráveis à Rússia após encontros recentes entre emissários americanos e Putin.
Europa trava debate e tensão segue alta
Enquanto isso, a União Europeia se prepara para decidir sobre o destino de cerca de R$ 1,3 trilhão em ativos russos congelados, tema sensível que Moscou classifica como roubo. Paralelamente, líderes europeus defendem o envio de uma força de paz à Ucrânia — ideia considerada totalmente inaceitável pelo Kremlin.
No campo de batalha, os combates continuam. A Rússia anunciou novos avanços em regiões como Kharkiv e Zaporíjia, mostrando que, apesar das negociações, a guerra segue ativa e sem sinais imediatos de desfecho.
Para acompanhar os bastidores da geopolítica global e seus impactos, continue navegando pelo Brasilvest.
Perguntas Frequentes (FAQs)
A Rússia aceita um referendo na Ucrânia?
Não. O Kremlin rejeitou qualquer consulta popular sobre a zona tampão.
O que é a zona tampão proposta?
Uma área desmilitarizada no leste da Ucrânia, mas sob controle de forças russas.
Quem controlaria essa zona?
Polícia e Guarda Nacional da Rússia, segundo autoridades do Kremlin.
Zelenski concorda com esse modelo?
Não. Ele defende participação ucraniana e garantias de segurança.
Trump está envolvido nas negociações?
Sim. O presidente dos EUA pressiona por um cessar-fogo rápido.
A guerra pode acabar em breve?
No momento, não há consenso, e os combates continuam.









