Retiradas líquidas acumulam R$ 78,47 bi até outubro e indicam fuga da caderneta
A poupança no Brasil registrou em setembro um dos maiores volumes de saques líquidos do ano: R$ 15,011 bilhões, segundo dados do Banco Central. A cifra só não supera o recorde de janeiro, quando os saques somaram R$ 26,226 bi. (Fonte: InfoMoney)
Contexto e significado do resultado
Esse resultado reforça uma tendência que já vinha sendo observada: muitos poupadores estão revertendo investimentos baixos em juros e migrando para alternativas financeiras mais atrativas. Assim, a caderneta perde apelo em momentos de alta de juros e inflação.
Com o resultado de setembro, o total de saques líquidos no ano já chega a R$ 78,469 bilhões, segundo o mesmo levantamento da InfoMoney. Em 2024, no todo, os saques líquidos foram apenas R$ 15,467 bilhões.
O que diz o BC sobre os dados
No mês, o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) registrou saldo negativo de R$ 11,721 bilhões, enquanto a parte rural da poupança sozinha teve retiradas de R$ 3,290 bilhões.
Vale destacar que a remuneração da poupança hoje segue a fórmula de TR + 0,5% ao mês, já que a taxa Selic está bem acima de 8,5% — o que mantém a regra de remuneração fixa.
Implicações para investidores e economia
Com saques expressivos, muitos investidores buscam liquidez e retorno maior do que a poupança. Produtos como Tesouro Direto, CDBs e fundos surgem como alternativas mais competitivas, especialmente em ambiente de juros elevados.
Além disso, essa migração pode enfraquecer a “base de capital” da caderneta, dificultando que bancos usem esses recursos para crédito ou investimentos estruturais.
O que observar nos próximos meses
A tendência de retirada pode persistir se a poupança seguir rendendo pouco frente a outras aplicações.
Por outro lado, o comportamento dos juros futuros, inflação e taxas de retorno em renda fixa poderá influenciar a volta de parte do fluxo para a caderneta, caso os incentivos se tornem menos atraentes.