Healthtechs brasileiras atraem investidores e conquistam pacientes ao oferecer soluções acessíveis, personalizadas e sem burocracia.
O setor de saúde tem se consolidado como um dos mais promissores para as startups brasileiras. As chamadas healthtechs, que unem tecnologia e serviços médicos, vêm crescendo a passos largos ao oferecer alternativas ao sistema tradicional: mais acessíveis, digitais e voltadas à prevenção. Segundo relatório da Distrito Healthtech Report 2024, já são mais de 1.200 startups de saúde no Brasil — um aumento de 27% em dois anos.
Entre as que mais se destacam estão empresas como a Alice, que oferece planos de saúde com foco em acompanhamento personalizado; a Sami, que trabalha com medicina de família e custos previsíveis; e a Laura, que desenvolve inteligência artificial para monitoramento hospitalar. Em comum, elas apostam em um modelo centrado no paciente, com uso intensivo de dados e menos burocracia.
De acordo com o Valor Econômico, o setor atraiu mais de R$ 1,3 bilhão em aportes só em 2023, mesmo em um cenário de maior seletividade dos investidores. O diferencial está no impacto direto que essas soluções têm na vida das pessoas — especialmente em um país com longas filas no SUS e dificuldades de acesso ao atendimento privado. “A demanda reprimida por saúde de qualidade e o envelhecimento da população criam um terreno fértil para inovação”, explicou Ana Luísa Martins, analista da Distrito, à Bloomberg Línea.
Essas startups também se beneficiam da digitalização acelerada causada pela pandemia. A telemedicina, por exemplo, teve regulamentação flexibilizada e se tornou parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Consultas online, aplicativos de acompanhamento, prescrições digitais e exames domiciliares passaram a ser vistos não como exceção, mas como padrão.
Para se manterem competitivas, essas empresas apostam em parcerias com grandes hospitais, planos de saúde e farmácias. A Dasa, por exemplo, integrou plataformas digitais às suas unidades físicas, enquanto o grupo Fleury investiu em inovação aberta para se aproximar de healthtechs emergentes. Essa convergência entre o tradicional e o disruptivo deve marcar a próxima fase do setor.
Ainda assim, especialistas alertam para a necessidade de regulação clara e de atenção à proteção de dados dos pacientes. O avanço das healthtechs será sustentável se equilibrar inovação, escalabilidade e responsabilidade ética. E, ao que tudo indica, o Brasil está pronto para esse novo ciclo.